Internacional

Steve Bannon realiza jantar com líderes internacionais; Eduardo Bolsonaro marca presença

28 fev 2020, 10:14 - atualizado em 28 fev 2020, 10:22
jantar-eduardo-bolsonaro
Eduardo Bolsonaro destacou a “ponte” ideológica entre seu pai e Trump, que, segundo o deputado, compartilham agenda e abordagem nacionalistas (Imagem: Twitter/Eduardo Bolsonaro)

Enquanto o presidente Donald Trump abordava a crise de saúde pública que pode ameaçar sua reeleição, do outro lado da rua, em frente à Casa Branca, seu ex-estrategista-chefe jantava com um grupo de simpatizantes europeus e latino-americanos para planejar a próxima onda global de populismo de direita.

Steve Bannon, o arquiteto da vitória de Trump em 2016 que se tornou assessor sênior da Casa Branca, organizou o jantar na noite de quarta-feira para Nigel Farage, figura-chave do movimento que levou ao Brexit; Jerome Riviere, líder do partido de direita Rali Nacional da França e membro do Parlamento Europeu; o deputado federal Eduardo Bolsonaro; e Eduardo Verástegui, ator e católico fervoroso que planeja disputar a presidência do México.

Raheem Kassam, ex-editor do Breitbart News, do qual Bannon era presidente do conselho, coorganizou o jantar no hotel Hay-Adams.

Ele disse que o objetivo do encontro era “reunir as grandes vozes econômicas nacionalistas de todo o mundo, não apenas para comemorar as vitórias dos últimos anos e homenagear Nigel Farage pela conquista do Brexit, mas também para olhar para 2020 e além.”

Farage disse a outros convidados que não estava satisfeito com a simples saída do Reino Unido da União Europeia: seu objetivo é transformar a UE em uma “Europa de nações soberanas”. Farage afirmou que vai abrir um escritório e fará uma turnê pela Europa, divulgando sua mensagem para obter apoio em outros países para que abandonem a UE, disse um convidado.

Eduardo Bolsonaro destacou a “ponte” ideológica entre seu pai e Trump, que, segundo o deputado, compartilham agenda e abordagem nacionalistas, segundo gravação do evento ouvida pela Bloomberg News.

Verástegui falou sobre o uso da arte para impulsionar a política e lançou uma campanha para concorrer como nacionalista populista de direita à presidência do México, embora o mandato de Andrés Manuel López Obrador termine apenas em 2024.

Os participantes comemoraram principalmente seus sucessos recentes, mas “o ponto-chave estratégico foi o início de um grupo que unirá nacionalistas populistas de todo o mundo com o lema ‘você não está sozinho’”, disse Bannon.

“O jantar da noite passada foi outro grande marco em nosso estimado projeto de colocar nossas nações em primeiro lugar novamente”, disse Riviere. “Graças aos esforços de Steve Bannon, patriotas de todas as partes do mundo não estão isolados. Trabalhamos juntos para o benefício de nosso povo.”

Trump levou Bannon à Casa Branca após sua impressionante vitória contra Hillary Clinton em 2016. Embora tenha se tornado presença poderosa e altamente visível no novo governo, Trump se incomodou com as percepções de que Bannon era um Svengali da chamada direita alternativa.

Uma capa da revista Time que rotulou Bannon como “O Grande Manipulador” prejudicou sua posição, assim como seu perfil como peça-chave para o sucesso eleitoral do presidente em livro do repórter Joshua Green, da Bloomberg Businessweek.

Bannon foi demitido em agosto de 2017, semanas depois de John Kelly assumir como chefe de gabinete da Casa Branca.

Ele voltou para o Breitbart News. Mas, no início de 2018, o presidente ficou furioso com seu ex-estrategista por causa de comentários em “Fire and Fury”, livro de Michael Wolff sobre os tumultuosos primeiros dias do governo Trump.

Segundo o livro, Bannon classificou a reunião de 2016 do filho do presidente, Donald Trump Jr., e de Jared Kushner, seu genro, com cidadãos russos de “traiçoeira”, na qual o filho do presidente esperava receber informações que prejudicariam Hillary. Wolff também relatou que Bannon chamou a filha de Trump, Ivanka, de “burra como um tijolo”.

As reações sobre “Fire and Fury” logo atingiram o Breitbart News, e Bannon saiu da empresa depois de perder o apoio da família conservadora Mercer, que apoiava o site de notícias.

Desde então, Bannon tem se concentrado em incentivar movimentos populistas de direita em outros países.