Startups de tecnologia latino-americanas sofrem com colapso do SVB
Startups de tecnologia na América Latina estão lutando para encontrar alternativas bancárias após a quebra repentina do Silicon Valley Bank (SVB), um dos poucos bancos a oferecer contas em dólares e que atendia a necessidades específicas do setor.
“Isso atingiu (quase todas) as empresas de capital de risco na América Latina”, disse Brian Requarth, cofundador da plataforma Latitud, baseada na Cidade do México.
As startups locais agora têm poucas alternativas para um parceiro bancário após o colapso do SVB, afirmou Requarth.
No fim de semana, os reguladores dos Estados Unidos anunciaram um plano de emergência permitindo que os depositantes do SVB, com sede em Santa Clara, Califórnia, acessem seus recursos.
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Em 2022, mais de 1.300 startups na América Latina acumularam cerca de 28,17 bilhões de dólares em financiamento, de acordo com a Associação de Investimento em Capital Privado na América Latina.
Vicente Garrido, cofundador da Roddo, startup mexicana de aluguel de imóveis, disse à Reuters ainda não ter certeza se a empresa pagará a folha de pagamento esta semana.
“Tínhamos todo o nosso capital lá, nos Estados Unidos”, declarou Garrido. “No México, mantemos apenas um quinto do que gastamos em um mês.”
As startups da região contavam com o SVB como um dos poucos bancos que lhes ofereciam contas em dólares norte-americanos, uma exigência das empresas de capital de risco que fornecem capital em dólares.
As startups abriam contas no SVB usando o que Requarth chamou de “sanduíche Cayman”, utilizando holdings nas Ilhas Cayman e sociedades de responsabilidade limitada (LLCs) no Estado norte-americano de Delaware para evitar uma dupla tributação se a empresa fosse vendida.
“Esse é o padrão de como as empresas de capital de risco operam na América Latina”, disse Requarth.
Embora as empresas tenham conseguido retirar seu dinheiro do SVB, agora elas ficam sem um plano de longo prazo, acrescentou.
Na segunda-feira, a Roddo conseguiu transferir seu dinheiro do SVB para várias contas que a startup abriu com empresas de tecnologia financeira dos EUA, segundo Garrido.
No entanto, os recursos podem não chegar a tempo para o pagamento de meio de mês dos funcionários, completou ele.
As contas em dinheiro são uma medida paliativa, reconheceu Garrido, e a startup ainda está procurando abrir uma conta por meio de sua holding em Cayman.
“(Um banco) me disse: ‘Normalmente não abrimos contas com menos de 5 milhões de dólares'”, contou Garrido. “‘Mas vou abrir uma exceção para você e vou deixar você abrir uma conta com 2 milhões, 2,5 milhões de dólares.'”
Garrido diz não ter certeza de quanto tempo levará para abrir uma conta devido à demanda e burocracia regulatória, acrescentando que também esteve em contato com outras instituições como Santander, Bank of America Corp e Citigroup Inc.
Na China, outro centro de startups, os empreendedores disseram à Reuters que estão recorrendo a bancos maiores dos EUA ou credores chineses.
No entanto, as startups latino-americanas reclamam que os bancos da região não oferecem o suporte de que precisam.
“Meus investidores europeus e americanos provavelmente não se sentiriam tão à vontade investindo (em uma conta mexicana)”, acrescentou Garrido.