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Startups da América Latina se adaptam para sobreviver à crise

09 maio 2020, 16:09 - atualizado em 06 maio 2020, 16:03
A Gympass se tornou um unicórnio tecnológico avaliado em US$ 1,2 bilhão quando levantou US$ 300 milhões em uma rodada de investimentos liderada pelo SoftBank (Imagem: Reprodução/Gympass)

A Gympass criou uma das empresas de tecnologia de crescimento mais rápido na América Latina ao facilitar a prática de exercícios por clientes corporativos.

A startup, fundada há oito anos, assinou contratos com cerca de 2 mil empresas, o que deu aos funcionários acesso a cerca de 53 mil academias de ginástica em 14 países, incluindo nos EUA.

Então, veio a pandemia de coronavírus e quase todas as academias fecharam. O modelo de negócio da empresa virou de cabeça para baixo quase da noite para o dia.

“Focamos tudo na construção de uma plataforma para que as academias pudessem oferecer classes on-line”, disse Leandro Caldeira, presidente da empresa para a América Latina.

Investidores injetaram um recorde de US$ 4,6 bilhões em capital de risco em startups latino-americanas em 2019, segundo a Associação para Investimento de Capital Privado da América Latina (LAVCA, na sigla em inglês).

Agora, com as economias fechadas e imposição de quarentenas, as empresas, guiadas por seus investidores, tentam sobreviver cortando gastos, salários e empregos e, em alguns casos, mudando os modelos de negócio.

A Gympass – que no ano passado se tornou um unicórnio tecnológico avaliado em US$ 1,2 bilhão quando levantou US$ 300 milhões em uma rodada de investimentos liderada pelo SoftBank – lançou o programa on-line em duas semanas.

Por meio da plataforma, os sócios podem acessar cerca de 50 mil classes e aplicativos de saúde, como terapia pela Internet. Isso ajudou a limitar o número de cancelamentos, disse Caldeira.

Investidores recomendam às empresas medidas rápidas para preservar caixa (Imagem: Pixabay/stevepb)

Em toda a região, investidores recomendam às empresas medidas rápidas para preservar caixa, disse Julie Ruvolo, diretora de capital de risco da LAVCA. “Neste momento, o dinheiro é rei”, afirmou. “A questão agora é realmente a rapidez com que as empresas irão dar a volta e responder.”

Na Colômbia, a startup Ayenda se tornou a maior rede de hotéis do país, trabalhando com hotéis pequenos e mais baratos para renovar as propriedades, dar uma nova imagem e presença on-line.

Quase todas as 140 unidades fecharam temporariamente, forçando a empresa a cortar custos e refletir sobre novos modelos de negócio.

Uma ideia já está em andamento: a empresa decidiu lançar um negócio de alimentos usando as cozinhas de alguns desses hotéis, disse Andrés Sarrazola, diretor-presidente da Ayenda.

“Estamos no setor de hospitalidade, o olho do furacão, então tivemos que nos concentrar em limitar as perdas”, disse.

Depois de tomar essas medidas, a empresa pode sobreviver por 20 meses, usando os quase US$ 9 milhões levantados no ano passado, disse Sarrazola.

Para a Gympass, a adição de conteúdo online já ajudou a atrair novos sócios e, o mais importante, ajudou a economizar recursos, disse Caldeira.

“Definitivamente, vamos sobreviver e, depois desta crise, seremos muito mais fortes do que antes”, disse.