Startups batem recorde de investimentos. Otimismo vai continuar em 2022?
O ano passado foi marcado por um investimento recorde de US$ 9,43 bilhões em startups no Brasil, segundo dados divulgados pela plataforma de inovação Distrito nesta última quarta-feira (12).
De acordo com o levantamento, houve 779 transações ao longo do ano passado. Só em dezembro foram 46 rodadas, que movimentaram um total de US$ 555 milhões em aportes.
O setor que recebeu maior volume de investimentos em 2021 foi o de fintechs, com US$ 3,7 bilhões em 176 rodadas, seguido pelo de varejo (US$ 1,3 bilhão em 87 negócios) e imobiliário (US$ 1,07 bilhão em 32 rodadas).
O otimismo vai continuar?
As perspectivas para o cenário macroeconômico não são boas.
Segundo as últimas estimativas do Banco Central, o PIB deve crescer 0,28% em 2022, a taxa básica de juros deve subir para 11,75% e a inflação tende a fechar o ano em 5,03%.
Para Guilherme Enck, cofundador da CapTable, o cenário macro é desafiador, mas não tende a trazer grandes problemas para as startups em 2022.
“Os últimos mostraram uma grande desconexão entre os investimentos em startups e o crescimento econômico do país, enquanto o cenário macro não foi bem, os investimentos em pequenas empresas de tecnologia só cresceu”, afirma Enck em entrevista ao Money Times.
De acordo com Enck, um outro fator surpreendente foi que em 2020, apesar da queda de 3,9% do PIB, o número de investimentos em startups dobrou.
Em 2021 o roteiro foi bem parecido: em meio à economia estagnada, houve um novo recorde de aportes no setor.
Sendo assim, o analista afirma que mesmo com um cenário econômico não muito favorável, o setor deve manter um bom volume de investimentos.
Quem vai bombar e quem vai se dar mal em 2022?
O especialista lista dois principais segmentos que tendem a “se dar bem” em 2022.
São eles: as fintechs e as empresas de educação.
“As fintechs podem ter um novo período bom por causa das fusões e aquisições, vimos no último ano muitas empresas, como Méliuz e Nubank, fazendo aquisições e deixando o mercado bem aquecido. Os novos marcos regulatórios podem influenciar também esse segmento, como é o caso do open banking”, diz.
Já as empresas de educação, conhecidas com edtechs, devem seguir embaladas pela pandemia, que forçou a educação a distância, trazendo novos hábitos que tendem a ficar permanentes, estimulando o setor, segundo Enck.
Por outro lado, ele avalia que o setor de setor das govtechs, startups que trabalham para governo, tendem a sofrer com o ano eleitoral, devido a uma redução de licitações abertas, que normalmente acontece quando os eleitores vão às urnas.
“A saída para elas é de fato buscar alternativas no mercado privado, buscando trazer soluções tangíveis tanto no setor público, como no privado”, conclui.