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Startup que transforma leite em camiseta busca apoio chinês

13 jun 2020, 18:05 - atualizado em 10 jun 2020, 13:55
A Mi Terro é uma entre muitas pequenas marcas de vestuário que atendem ao crescente desejo dos consumidores de comprar de empresas que operam de maneira sustentável (Imagem: Unsplash/ @brandomakesbranding)

Uma startup sediada em Los Angeles que transforma leite não utilizado em roupas sustentáveis está em negociações com grandes laticínios na China para formação de parcerias estratégicas, informou o presidente e fundador da empresa.

Robert Luo, da Mi Terro, disse que está discutindo investimentos com companhias de laticínios que dominam o mercado chinês, onde a startup obtém matéria-prima.

Desde o lançamento da linha de camisetas de tecido produzido a partir de leite excedente, em junho de 2019, a Mi Terro gerou mais de US$ 100.000 em receita com vendas online para clientes em mais de 40 países, afirmou Luo em entrevista.

A Mi Terro é uma entre muitas pequenas marcas de vestuário que atendem ao crescente desejo dos consumidores de comprar de empresas que operam de maneira sustentável, em um setor conhecido por desperdício e produção excessiva.

Empresas de pequeno e médio porte representam aproximadamente metade da indústria da moda e estão bem posicionadas para inovar em sustentabilidade, segundo um estudo de 2019 coordenado pelo Centro para Moda Sustentável.

A inspiração de Luo não veio do desperdício de roupas, mas de comida. Durante uma visita à fazenda de gado leiteiro de seu tio na China, ele viu “baldes e baldes” de leite estragado e descartado sem uso. “Percebi um problema enorme sobre o qual não falamos o suficiente”, disse ele.

Quando voltou para os EUA, ele se uniu a um amigo de infância com formação em química e engenharia de materiais para encontrar um meio de utilizar o que era descartado. Após três meses de pesquisa, eles começaram a elaborar uma solução capaz de extrair a caseína (um tipo de proteína) do leite e transformá-lo em fibra.

As gorduras são removidas antes da desidratação para obter leite em pó. As proteínas são então isoladas e solidificadas na forma de fibras que são esticadas e transformadas em fios prontos para uso na confecção de roupas.

Muito além do vestuário

A Mi Terro pretende se lançar na China em 18 de junho e no Japão nos próximos dois meses. A empresa assinou memorandos de interesse com grandes marcas de moda casual, mas precisa de apoio estratégico e financeiro para aumentar sua capacidade e acompanhar a demanda, explicou Luo.

Em 2019, a empresa lançou duas campanhas de financiamento coletivo na plataforma Kickstarter que atingiram rapidamente suas metas. A aceleradora de startups Lair East Labs está entre suas apoiadoras. A Mi Terro está agora no processo de arrecadar US$ 800.000 em novos investimentos, segundo Luo, idealmente de parceiros estratégicos na China e em outros países.

Os investimentos de capital de risco em projetos de vestuário e calçados saltaram de US$ 43,5 milhões em 2007 para US$ 560,6 milhões em 2017, de acordo com um relatório elaborado no ano passado pela McKinsey e pela publicação Business of Fashion.

A startup se prepara para expandir a tecnologia de transformação de alimento desperdiçado além do ramo da moda. A companhia está trabalhando em uma nova tecnologia que ajude empresas de laticínios a transformar resíduo de soro de leite em filme biodegradável para embalagens de alimentos, informou Luo.

Ele espera que seu modelo de negócios abandone gradualmente a venda direta a consumidores. A Mi Terro quer licenciar suas tecnologias no futuro próximo e está percorrendo o processo de solicitação de patentes na China, segundo ele.

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