CCR

Spinelli inicia cobertura das ações da Ecorodovias e CCR

29 maio 2018, 16:46 - atualizado em 29 maio 2018, 19:23

A corretora Spinelli iniciou nesta terça-feira (29) a cobertura das ações da Ecorodovias (ECOR3) e da CCR (CCRO3). A recomendação para a primeira é de “compra”, enquanto para a segunda é “neutra”, respectivamente, conforme indica relatório assinado pelos analistas Glauco Legat e Álvaro Frasson.

Ecorodovias: “O retorno supera o risco”

No caso da Ecorodovias, os analistas apontam que “embora a greve dos caminhoneiros impacte negativamente o fluxo das concessões rodoviárias, o nível de atividade econômica é superior ao observado nos últimos dois anos, enquanto o atual preço das ações está no mesmo patamar de início de 2017”.

“Os riscos decorrentes da citação da empresa na Lava-Jato são pontuais e pouco devem pesar, em um cenário extremo, no valor da Ecorodovias”, completam. O preço-alvo para as ações da empresa foi estabelecido em R$ 12,00 até o final de 2018, o que representa uma valorização de 59%. Ontem, os papéis da companhia fecharam o pregão negociados a R$ 7,56.

Entre os principais destaques da recomendação de “compra”, os analistas avaliaram:

> A estratégia de foco no core business: a amplo portfólio de concessões de rodovias e descontinua operações de logística com a venda da Elog em 2017 e potencial venda da Ecopátio Cubatão devem refletir em maior sinergias e ganhos de margens;

> Aquisição de três novas concessões em 2018: duas em leilão (Rodoanel Norte e BR-135) e uma no mercado secundário (BR-050 MGO). Esta última já está em operação e ingressará no portfólio da Ecorodovias a partir do segundo semestre de 2018;

> Elevação do prazo médio de duração de 13 anos para 17,3 anos: o aditivo de extensão da Ecovia dos Imigrantes para mais 8 meses “foi importante para a empresa”, uma vez que esta concessão representa cerca de 40% do faturamento total das concessões rodoviárias do grupo;

> Cenário de menor concorrência: recentes leilões apresentaram poucos participantes, com menor presença de empresas externas;

> Ambiente macroeconômico em recuperação: além da retomada do tráfego de veículos pesados em função da leve melhora industrial, a necessidade federal por investimentos em infraestrutura não partirá do orçamento da União, uma vez que os gastos públicos não possuem espaço para expansão, favorecendo a oferta de concessões;

> Risco Lava-Jato pode ser de, no máximo, R$ 220 milhões: a citação das empresas Ecovia Caminho do Mar e Ecocataratas em supostas transferências de valores a companhias de consultoria, sem comprovação de entregas, reflete em riscos de multa para as concessões. “Segundo nossas estimativas dos últimos acordos de leniência da Operação Lava-Jato, as multas giram em torno de 6,5% da receita liquida da companhia”;

> Ecorodovias tem ganhado valor de mercado em relação ao Grupo CCR: múltiplo EV/EBITDA das empresas sofreram recentemente, mas a partir do final de 2017 a Ecorodovias tem revertido uma tendência de mais de 5 anos e começa a ganhar valor frente ao seu peer de mercado.

> Grupo Gavio pode aumentar participação na Ecorodovias: a empresa italiana de infraestrutura já anunciou que interesse em elevar sua fatia na Primav.

CCR: “Lava-Jato e Nova Dutra preocupam”

Em relação à recomendação “neutra” da CCR, os analistas justificam que , “embora a companhia já venha apresentando resultados melhores, a delação do suposto envolvimento do corpo executivo na Lava-Jato sugere um risco mais profundo, com desdobramentos judiciais incertos”.

“Adicionalmente, a Nova Dutra não deve ser renovada em favor da CCR, uma vez que o governo já recusou extensões no prazo, além dos resultados financeiros mais difíceis neste 2º trimestre de 2018 em função da greve dos caminhoneiros”, explicam.

O preço-alvo para as ações da empresa foi estabelecido em R$ 14,50 até o final de 2018, o que representa uma valorização de 43%. Ontem, os papéis da companhia terminaram o dia negociados a R$ 10,12.

Entre os principais destaques da recomendação “neutra”, os analistas avaliaram:

> Operação Lava-Jato ameaça o Grupo CCR, através do suposto envolvimento do corpo executivo: a delação premiada do empresário Adir Assad citou nominalmente o presidente, Renato Vale, que estaria ciente dos contratos de R$ 46 milhões entre a CCR e a Rock Star. “Este movimento desgasta a imagem da companhia, já abalada com os principais acionistas – Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez – estarem envolvidos em acordos de leniência confessando práticas anticoncorrenciais no mercado de licitações”. De acordo com a Spinelli, “o risco reside, em nossa visão, em novos desdobramentos não favoráveis ao Grupo CCR, o que pode afetar novamente o valor das ações”.

> Nova Dutra é a segunda maior concessão e há grandes probabilidades de não renovação do contrato: ainda que o prazo vence apenas em fevereiro de 2021, o governo federal inclui a rodovia no Programa Avançar Parcerias, pretendendo relicitar a concessão já no próximo ano. “Vale ressaltar que o Grupo CCR tenta, desde o ano passado, um aditivo no contrato de até 16 anos, mas que foi negado pelos órgãos públicos. Desta forma, o cenário de não renovação é, de longe, o mais provável”.

> Novos ativos ingressam ao portfólio: foi assinado em abril o contrato de concessão das linhas 5 e 17 do metrô de São Paulo, com prazo de 20 anos. Como comparativo, a linha 4 gerou R$ 124, milhões de receita bruta no primeiro trimestre de 2018. “O ingresso destes ativos, caso repliquem o faturamento da outra linha, representariam, somados, 76% do faturamento da Nova Dutra”.

> Perfil financeiro confortável: a empresa diminuiu adívida líquida em 2017 (R$ 12,1 bi, contra R$ 13,4 bi em 2016) e mantém processo de desalavancagem ao longo de 2018, que chegou em 3,8x Dívida Líquida / EBITDA em 2016 e encerrou o primeiro trimestre de 2018 em 2,4x. Endividamento de curto prazo está em 20%, abaixo dos 33% da média histórica desde 2011, e com prazo médio de 3,9 anos, mostrando uma estrutura de capital tranquila.

> Múltiplos estão nas mínimas históricas: pela primeira vez desde 2010, o Índice P/L da CCRO3 está abaixo do Ibovespa e o EV/EBITDA está no menor nível desde janeiro de 2011. “É claro que o movimento ocorre em função do envolvimento na Lava-Jato, no entanto, a Ecorodovias, também citada, tem sofrido menos do que a CCR em termos de EV/EBITDA comparado”.

 

 

 

 

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