Saúde

SP terá problemas dentro de um mês na rede de saúde se isolamento seguir abaixo de 50%

05 maio 2020, 14:07 - atualizado em 05 maio 2020, 14:07
coronavírus manifestação carreata
Enquanto governadores e prefeitos pedem o isolamento, bolsonaristas fazem carretas pedindo o fim dele (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O sistema de saúde de São Paulo terá problemas num prazo não superior a um mês para tratar pacientes com coronavírus, caso a média de isolamento social no Estado siga abaixo de 50%, disse nesta terça-feira o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus no Estado, o infectologista David Uip.

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Uip classificou de “inaceitáveis” as formações de aglomerações e também fez uma defesa do uso de máscaras pelas pessoas. Um decreto publicado nesta terça assinado pelo governador João Doria (PSDB) tornou obrigatório o uso do equipamento de proteção individual no Estado.

“Uma notícia agora extremamente preocupante. A média de isolamento no município de São Paulo no dia 4 de maio foi de 48%. A média do Estado de São Paulo foi de 47%. Não é possível trabalhar com este número”, disse Uip.

“O número mínimo de 50% constantemente não vem sendo atingido. Nós precisamos melhorar todos os dias. E nós teremos enormes dificuldades no prazo de um mês se este número não for superior a este 50%. Eu me refiro a leitos disponíveis em toda a rede, especialmente os leitos de UTI”, acrescentou.

De acordo com dados do sistema de monitoramento do governo paulista, realizado com base nas informações das operadoras de telefonia móvel, a taxa de isolamento social chega a superar o patamar dos 50% durante fins de semana e feriados, mas de segunda a sexta-feira tem se mantido abaixo deste patamar.

Números da Secretaria de Saúde do Estado mostram que a ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) no Estado está em 68,9%, ao passo que na região metropolitana da capital paulista este índice é de 86,9%.

Uip disse que, além da preocupação com a capacidade de atender os moradores de São Paulo, também há temores de que a queda no isolamento social, e consequente aumento do contágio e do número de infectados, gere problemas no atendimento de pacientes que vivem nas áreas de divisa de outros Estados com o território paulista, que possam vir a procurar hospitais em São Paulo.

Ele afirmou que na rede privada já há movimentação de pacientes de outras Unidades da Federação buscando tratamento em São Paulo diante da lotação em seus Estados de origem.

“Eu reitero a gravidade do momento onde nós estamos vendo seguidamente a diminuição do isolamento. Final de semana, melhora um pouquinho, como melhorou. Mas durante a semana não é possível. Eu quero reafirmar que nós teremos problemas sérios de assistência num espaço não superior a um mês”, disse.

Segundo a Secretaria de Saúde do estadual, existem em São Paulo 34.053 casos confirmados de Covid-19, com 2.851 mortes. O Estado é, de longe, o que mais tem casos e mortos pela doença no Brasil.

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