S&P: Rota do Brasil para sair do selo junk extrapola Previdência
A tão aguardada reforma da Previdência não será suficiente para nem mesmo iniciar o longo caminho para o Brasil se reerguer do status junk, segundo a S&P Global Ratings.
A endividada nação sul-americana precisa ver uma retomada do crescimento e adotar medidas adicionais para melhor seu resultado fiscal antes de a perspectiva para o rating soberano ser elevada para positiva, segundo Livia Honsel, principal analista da S&P para Brasil desde janeiro.
“Certamente, consideramos benvinda a reforma da Previdência, mas acreditamos que não é suficiente,” disse Honsel, em entrevista do escritório na Cidade do México. “Ajustes adicionais e reformas são necessários. A conquista de um superávit primário também depende de crescimento econômico mais robusto”.
O Brasil tem a nota BB-, três graus abaixo do grau de investimento, com perspectiva estável. Expectativas de um upgrade após a aprovação da reforma da Previdência na Câmara em julho fez com que os títulos no mercado externo passassem passassem a ser negociados em níveis melhores que os da Bolívia e Uzbequistão.
Próxima análise da S&P sobre perfil de crédito do Brazil será, provavelmente, divulgada em fevereiro, a menos que algum grande evento que impacte o quadro fiscal ocorra antes disso, disse Livia.
Após aprovação na Câmara dos Deputados, a reforma da Previdência foi enviada para o Senado, onde deve ser votada neste trimestre. Enquanto isso, crescimento segue anêmico, com o PIB expandindo 0,5% no primeiro trimestre ante o ano anterior.
Lisa Schineller, analista de rating soberano da S&P que era a principal voz sobre o rating para Brasil na agência, disse que a agenda de reforma do governo é ampla e aderessa os principais problemas do país. A incerteza segue sobre a implementação, que é normalmente a parte mais desafiadora.
“A reforma tributária é importante, assim como outras reformas no pipeline que vão ajudar a estimular os investimentos em diferentes segmentos da economia,” disse Lisa, de seu escritório em Nova York. ELa agora é a analista primária para os ratings de Mexico, Argentina e Costa Rica.
O governo está tentando reformular o sistema tributário, assim como privatizar estatais e estruturando iniciativas para reduzir a burocracia e encorajar investimentos privados em saneamento e infraestrutura. Também há esforços para ampliar a independência do Banco Central.