S&P rebaixa ratings do Banco Paulista e mantém perspectiva negativa após operação da PF
A S&P Global Ratings rebaixou hoje os ratings na Escala Nacional Brasil do Banco Paulista S.A., de ‘brAA-/brA-1+’ para ‘brBBB-/brA-3’ e os manteve em sua listagem CreditWatch (perspectivas) com implicações negativas.
Em 8 de maio de 2019, a Polícia Federal do Brasil lançou a Operação “Disfarces de Mamom”, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro com participação de executivos do Banco Paulista, relacionados a operações da área de câmbio do banco. Como consequência, a agência colocou os ratings do Banco Paulista ‘brAA-/brA-1+’ na Escala Nacional Brasil em CreditWatch
Para a S&P, a reputação e a confiança das contrapartes são elementos críticos para a continuação das operações do Banco Paulista. “Portanto, esperamos que as investigações afetem materialmente as perspectivas de negócios do banco relacionados às operações de câmbio, que representavam cerca de 50% de suas receitas”, diz o relatório da S&P. “Além disso, acreditamos que o risco reputacional poderia afetar outros negócios do banco e causar um impacto ainda maior em suas receitas.”
“Dessa forma, rebaixamos os ratings na Escala Nacional Brasil do Banco Paulista de ‘brAA-/brA-1+’ para ‘brBBB-/brA-3’ mantendo-os em CreditWatch com implicações negativas”, diz a S&P.
A agência diz que espera resolver o CreditWatch assim que houver mais informações disponíveis para poder avaliar com maior assertividade como esses acontecimentos poderão afetar a reputação e os negócios do banco. O CreditWatch também incorpora o fato de o banco ainda não ter publicado seus balanços financeiros auditados findos em dezembro de 2018.
O rebaixamento dos ratings do Banco Paulista reflete a expectativa da S&P de que as perspectivas de negócio do banco relativas às operações de câmbio, que representavam cerca de 50% de suas receitas, sejam materialmente impactadas pelas investigações de um suposto esquema de lavagem de dinheiro com participação de executivos do banco.
“Acreditamos que o banco, que se posicionava entre os 20 maiores participantes do mercado de câmbio no país, em volume negociado, e entre os 10 maiores em número de negociações, prestando serviços como câmbio comercial, importação de reais e negociação de outras moedas, deva reduzir materialmente suas atividades nesse segmento, o que deve afetar sua capacidade de geração de negócios e suas receitas operacionais”, diz a S&P.
A agência diz que o impacto reputacional poderia afetar outros negócios do banco e causar um impacto ainda maior em suas receitas. Além do negócio de câmbio, o banco possui, por meio de sua corretora, a Socopa – Sociedade Corretora Paulista S.A., uma importante posição no mercado de administração e custódia de fundos de investimentos no país, principalmente no segmento de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fidcs), no qual se posiciona como a 3º maior administradora de recursos de terceiros, e detém uma participação no mercado de crédito, com um portfólio de aproximadamente R$ 550 milhões, em março de 2019.
As investigações relativas à operação batizada pela Policia Federal de “Disfarces de Mamom”, investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro oriundo da área de câmbio do banco relacionados a operações com empresas que prestavam serviços ao Grupo Odebrecht, que segundo o Ministério Público, movimentou R$ 48 milhões entre 2009 e 2015, período anterior à atribuição dos ratings ao Banco Paulista.
A 61ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em 8 de maio de 2019, tem como foco a investigação da participação de executivos do Banco Paulista S.A em tais operações. Também estão sendo apurados outros repasses suspeitos feitos pelo banco, no total de R$ 280 milhões. “Acreditamos que potenciais irregularidades poderão resultar em multas e passivos, possivelmente impactando o resultado e os índices de capital do banco”, diz a S&P.
Além disso, se as conclusões das investigações indicarem um problema estrutural, os riscos reputacionais poderão aumentar, o que pode continuar a prejudicar os relacionamentos comerciais do banco.