S&P pode cair 6% com piora do conflito na Ucrânia, diz Goldman
Um “conflito total” na Ucrânia somado a “sanções punitivas” pode intensificar a queda do S&P nos EUA, com mais 6% de perda em relação ao fechamento de sexta-feira, de acordo com o Goldman Sachs Group. O tombo seria maior nas bolsas da Europa e do Japão.
Considerando que é notoriamente difícil montar estratégias de negociação em meio a tumulto geopolítico, os estrategistas do Goldman baseiam os cálculos na sensibilidade recente dos ativos globais ao rublo, segundo relatório divulgado na segunda-feira.
Na pior das hipóteses, um declínio de 10% na moeda russa elevaria a cotação do petróleo em 13% e causaria queda de 0,27 ponto percentual no rendimento do título do Tesouro americano usado como referência no mercado.
Os investidores estão aumentando posições em títulos do Tesouro americano e vendendo ações diante da escalada das tensões perto da fronteira da Ucrânia, tentando proteger seus investimentos e mapeando possíveis cenários.
O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu duas repúblicas separatistas e esse desdobramento pode arruinar negociações de paz mediadas pela Europa. A disparada dos preços de energia ameaçaria o crescimento econômico e elevaria a inflação.
A Rússia negou repetidamente planos de atacar a Ucrânia.
“As tensões entre Rússia e Ucrânia pareciam afetar principalmente os ativos locais em janeiro, mas as repercussões para os ativos globais ficaram mais óbvias em fevereiro”, escreveu a equipe, que inclui Dominic Wilson.
“Se os riscos aumentarem ainda mais e entrarmos em um cenário de conflito total somado a sanções punitivas, a construção do prêmio de risco político muito provavelmente se estenderia.”
O pior cenário do Goldman também contempla queda de 9% nas bolsas da Europa e do Japão, queda de quase 10% no índice Nasdaq e depreciação de 2% do euro em relação ao dólar.
Por outro lado, um cenário de diminuição das tensões faria o rublo se fortalecer, as ações dos EUA subiriam 6% e o rendimento dos títulos do Tesouro americano daria um salto, segundo o estudo.
As estimativas do Goldman se baseiam em cálculos apontando que a moeda russa ainda está a mais de 10% de distância do nível mais subvalorizado das últimas duas décadas. Segundo os estrategistas, esta é uma “referência conservadora”.