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S&P alerta sobre riscos do aumento das taxas de juros reais para recuperação da China

18 ago 2020, 8:58 - atualizado em 18 ago 2020, 8:58
S&PGlobal
“Um salto nas taxas de juros reais pode desviar do curso a recuperação da China, justamente quando deveria estar ganhando força”, disseram  Shaun Roache e Vishrut Rana, economistas da S&P (Imagem Facebook/ S&PGlobal)

A agência de classificação de risco S&P Global alertou nesta terça-feira que a recuperação econômica da China diante da pandemia de coronavírus pode estar em risco, já que uma combinação do aumento dos juros e da desaceleração da inflação está empurrando as taxas de juros reais para cima.

Uma recuperação desequilibrada, a demanda privada fraca e o otimismo excessivo do mercado se combinaram para elevar as taxas de juros reais, aumentando os fardos do serviço da dívida chinesa mesmo com o aperto das condições financeiras, disseram Shaun Roache e Vishrut Rana, economistas da S&P, em um relatório.

“Um salto nas taxas de juros reais pode desviar do curso a recuperação da China, justamente quando deveria estar ganhando força”, disseram.

Dados recentes, incluindo sobre uma produção industrial robusta e um aumento das exportações, contribuíram para as esperanças de uma recuperação sustentada na segunda maior economia do mundo.

Mas Roache e Rana disseram que eles contaram com um “suporte de política econômica extraordinário” e com o fato de que a atividade do consumidor, do setor de serviços e das empresas privadas está represada.

Além disso, apesar da aceleração dos números da inflação ao consumidor, o núcleo da inflação permanece persistentemente baixo, com alta de 0,5% em julho, e os preços ao produtor continuaram caindo.

Diante desse pano de fundo, uma recuperação das ações e uma enxurrada de novas emissões de títulos do governo elevaram os rendimentos dos títulos de referência, impulsionando os rendimentos coorporativos.

“Até que os consumidores chineses comecem a gastar e as empresas privadas retomem os investimentos, é muito cedo para dizer que a recuperação é autossustentável e pode continuar com menos estímulos, incluindo taxas de juros reais mais altas”, disseram Roache e Rana.