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“Sonho do trilhão” do fundador da XP enfrenta dura realidade da crise

18 mar 2020, 12:14 - atualizado em 18 mar 2020, 13:38
XP Inc XP Investimentos
Com a piora do mercado e a retirada de alguns grandes clientes de sua custódia de ações com a XP, a custódia de ativo de renda variável na XP “despencou” desde o fim do ano passado (Imagem: XP Inc/Linkedin)

Em 2018, Guilherme Benchimol revelou a uma plateia de milhares de pessoas seu sonho grande: que a XP (XP), corretora que ajudou a fundar, teria R$ 1 trilhão sob custódia até o fim de 2020.

O sonho agora se choca com uma dura realidade.

Com a piora do mercado e a retirada de alguns grandes clientes de sua custódia de ações com a XP, a custódia de ativo de renda variável na XP “despencou” desde o fim do ano passado, disse o diretor financeiro Bruno Constantino em entrevista na terça-feira, sem detalhar os números.

A XP tinha R$ 409 bilhões sob custódia no fim de 2019, segundo os dados mais recentes disponíveis, acima dos R$ 202 bilhões no ano anterior.

Os comentários de Benchimol “não eram uma meta para este ano e, sim, mais uma inspiração”, disse Constantino em entrevista. Foram feitos “em um momento diferente”.

A XP abriu capital em dezembro do ano passado em um IPO muito esperado que levantou US$ 2,25 bilhões. Desde então, as ações da corretora caíram abaixo do preço do IPO e acumulam baixa de 54% desde o pico em fevereiro.

Guilherme Benchimol
Guilherme Benchimol: Analistas começam a questionar se a XP será capaz de manter o crescimento acelerado no Brasil em um momento de crise (Imagem: Youtube da XP Investimentos)

Constantino disse que a queda dos ativos sob custódia terá pouco impacto sobre a receita, porque os grandes clientes traziam mais volume, mas menos resultados. A saída desses clientes pode estar relacionada à recente sangria no mercado.

“Ainda estamos confiantes de que seremos capazes de atingir nosso crescimento de receita e as metas de margem líquida ajustada em três a cinco anos”, afirmou Constantino. “E que os clientes continuarão deixando seus bancos para investir conosco, mesmo que seja em produtos mais conservadores.”

Analistas começam a questionar se a XP será capaz de manter o crescimento acelerado no Brasil em um momento de crise, já que investidores brasileiros passaram as últimas décadas preferindo a segurança de títulos públicos e da poupança.

Em relatório recente, analistas do Credit Suisse disseram que investidores de varejo podem se afastar de ativos mais arriscados e que a expansão de agentes autônomos pode ser menos vigorosa em um ambiente mais incerto.

Constantino disse que as entradas líquidas não foram afetadas pela crise ainda. A XP planeja lançar campanhas publicitárias com o objetivo de atrair – e manter – investidores ansiosos oferecendo educação financeira, já que a Selic deve cair ainda mais, disse.

A XP divulgou balanço na terça-feira com resultados trimestrais e anuais. O total de clientes ativos cresceu 91% em 2019, para 1,7 milhão. O lucro líquido ajustado aumentou 119% no ano passado, para R$ 1,1 bilhão, impulsionado pela conquista de clientes de bancos em ritmo acelerado.

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