Internacional

Sonho de britânicos que defendem permanência na UE desmorona

09 dez 2019, 17:36 - atualizado em 09 dez 2019, 17:42
Desde o resultado apertado do referendo realizado em 2016 que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia, o assunto do Brexit domina a política britânica e divide a sociedade (Imagem: Unsplash/@jannesvdw)

Nos últimos três anos e meio, ativistas preocupados com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia têm lutado para impedir o Brexit. Mas, com Boris Johnson a caminho de conquistar a maioria nas eleições de quinta-feira, essa é uma batalha que estão prestes a perder.

“Este é o fim do ‘Remain’”, disse Anand Menon, em referência à palavra “permanecer” em inglês. Ele é diretor para o Reino Unido do programa Changing Europe, no King’s College, em Londres. “Mesmo que os Conservadores tenham a maioria de um, o Brexit acontecerá.”

Desde o resultado apertado do referendo realizado em 2016 (52% a 48%) que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia, o assunto do Brexit domina a política britânica e divide a sociedade.

Mesmo aqueles que se dedicaram em tempo integral aos esforços para reverter o resultado estão deprimidos e irritados porque o lado da permanência na UE não conseguiu avançar.

Os Liberais Democratas, o único partido dominante comprometido em anular o Brexit, foram incapazes de galvanizar a metade dos eleitores do Reino Unido que queriam permanecer na UE.

Em contraste, Johnson – que liderou a campanha do Brexit antes de se tornar primeiro-ministro – afastou a ameaça dos radicais do grupo de Nigel Farage (Imagem: Reuters/Dylan Martinez)

A principal organização que fez campanha para outro referendo implodiu, enquanto o líder trabalhista da oposição, Jeremy Corbyn, errou ao se comprometer apenas em permanecer “neutro” no segundo plebiscito que deseja realizar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sair unidos

Em contraste, Johnson – que liderou a campanha do Brexit antes de se tornar primeiro-ministro – afastou a ameaça dos radicais do grupo de Nigel Farage, que poderiam dividir o voto dos que apoiam o Brexit. Johnson agora ganha apoio dos eleitores que defendem o Brexit nos redutos eleitorais do Partido Trabalhista.

Pesquisas mostram que o líder conservador deve conquistar a maioria em 12 de dezembro, o que lhe permitirá aprovar o Brexit pelo parlamento, moldando o futuro político do Reino Unido por décadas.

Se essas previsões forem corretas, não será apenas porque um grande número de eleitores apoiou o Brexit ou, fartos de três anos de turbulência, foram receptivos à promessa de Johnson de concluir o processo. O sucesso de Johnson em completar o Brexit se deve tanto à desorganização de seus oponentes quanto à sua própria estratégia.

Hoje, mais eleitores dizem que querem permanecer na UE do que sair. Mas os que apoiam a “permanência” não conseguiram chegar a um plano unificado – simplesmente cancelar o Brexit ou fazer um novo referendo. O lado da permanência falhou em forjar uma aliança interpartidária funcional.