Soja: Safras prevê ciclo negativo em 23/24, mas preços podem ficar em US$ 14 com novo foco do mercado
Nesta semana, acontece a sexta edição da Agri Week, evento da Safras & Mercado com perspectivas para o agronegócio na nova safra 2023/2024.
Hoje (19), no painel “Panorama e cenários para o mercado da soja: o que vem à frente nos mercados internacional e brasileiro”, o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez comentou sobre o cenário para a oleaginosa.
Na abertura, Gutierrez ressaltou a queda nos preços em meio ao período de colheita do grão na safra passada (22/23), que totalizou 156,152 milhões e foi recorde, segundo a consultoria.
“A rentabilidade da soja no Brasil cresceu frente a outras culturas, com a região Norte e Nordeste registrando crescimentos percentuais e destaque para o estado do Mato Grosso”, disse.
Por outro lado, a comercialização da safra passada está em 79,8%, abaixo da média de 88,3% das últimas 5 temporadas.
A safra 2023/2024 da soja
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a safra norte-americana deve ficar em 83,5 milhões de acres, sendo essa a 6ª maior área da história para cultura, um forte corte, muito em função dos problemas climáticos.
Segundo Gutierrez, há espaço para novos cortes nas projeções dos EUA para a temporada, mas a safra deve ficar em torno de 116 – 117 milhões de toneladas.
“Com isso, devemos ter a menor safra norte-americana desde o ciclo 19/20 e risco de novos cortes. Além disso, há espaço para maior esmagamento, menores exportações pelo país e queda de 12% nos estoques. Olhando apenas para CBOT (Bolsa de Chicago) sobre o prisma dos EUA, vemos uma tendência lateralizada, com preços entre US$ 13 e US$ 13,50, já que os problemas produtivos jogam os preços para cima por um lado, enquanto a entrada da safra puxam os preços para baixo”, diz.
América do Sul e o mercado da soja
Gutierrez afirma que o mercado tem voltado as suas atenções para a safra da América do Sul neste momento, com a tendência de um grande ciclo.
A temporada 23/24 da oleaginosa brasileira está estimada em 163 milhões pela Safras & Mercado, com crescimento para área plantada.
O destaque deve ficar para o Rio Grande do Sul, que deve voltar a registrar uma safra acima de 20 milhões de toneladas, com o El Niño beneficiando a região, após um ciclo com problemas climáticos.
Ainda assim, o fator positivo para a safra sul-americana fica para a Argentina, que deve voltar a ter uma produção acima de 45 milhões de toneladas.
“Se somarmos a safra dos EUA, Argentina e Brasil, devemos ter mais soja no mercado em 2024. A Argentina pode ser o principal fator de baixa para os preços no mercado, não só na CBOT, mas como para os prêmios no Brasil, tirando um pouco da nossa demanda. Dessa forma, a tendência para os preços é negativa no próximo ciclo”, conclui.
No entanto, caso haja clima seco para áreas produtivas do Brasil no Centro-Oeste entre outubro e dezembro, os preços podem voltar a US$ 14 em Chicago.
Por fim, a produção global de soja deve saltar de 370,11 milhões de toneladas no ciclo 22/23 para 401,33 milhões de toneladas na safra 23/24.
Confira a transmissão completa no link.