Soja perde 1/5 do preço na CBOT, com ampla oferta global; preços seguirão derrocada em 2025?
O 2024 da soja foi marcado por grandes movimentos negativas para a oleaginosa no mercado internacional, com uma queda de aproximadamente 21% no valor da soja na CBOT/CME desde o início do ano.
Segundo Rafael Silveira, analista da Safras & Mercado, a principal causa desse recuo significativo foi a ampla oferta global da commodity. Apesar disso, os movimentos não ocorreram de forma sincronizada.
“Inicialmente, enfrentamos uma redução na produção de soja norte-americana em 2023, devido à diminuição da área plantada. Contudo, a situação se inverteu em 2024, com uma safra ampla nos Estados Unidos, cuja expectativa inicial era de cerca de 125 milhões de toneladas, antes do corte nas projeções feito pelo USDA no relatório de novembro. Mesmo com esse ajuste, os números atuais ainda indicam uma produção histórica de soja no país”, explica.
Recuperação para soja da Argentina e safra abaixo do potencial no Brasil
Ao mesmo tempo, foi vista uma recuperação da safra da Argentina em 2024, após uma quebra histórica em 2023. No Brasil, apesar de uma safra robusta, superior a 150 milhões de toneladas, o volume ficou abaixo do potencial máximo do país.
No entanto, a combinação dessas safras, especialmente a expansão da produção global, fortaleceu os estoques globais e, por consequência, comandou a queda dos preços.
“Atualmente, o cenário é favorável, já que não apenas estamos saindo de uma excelente safra americana, com recuperação de área e bom desenvolvimento das lavouras, mas também com grandes perspectivas para a safra sul-americana”, vê.
Brasil deve pressionar preços da soja em 2025
Para a Safras & Mercado, o Brasil será o grande destaque em 2025. Se as previsões se confirmarem, o país poderá colher mais de 170 milhões de toneladas de soja, enquanto a Argentina também se destaca, com estimativas de colheita acima de 50 milhões de toneladas, sempre condicionado a um clima favorável.
“Esse quadro indica um aumento de mais de 30 milhões de toneladas no mercado global, comparado à temporada anterior, o que terá um impacto direto sobre os preços. O mercado mundial sente esse grande aumento na oferta e precifica o valor do grão com base nessas expectativas”.
Em 2024, a safra de soja aquém do potencial no Brasil resultou em algumas implicações no final do segundo semestre deste ano. A menor disponibilidade de produto apertou o quadro das exportações no final da temporada, embora no início do ano as exportações tenham sido muito aquecidas.
“Contudo, a curva de exportações se inverteu no último trimestre. As indústrias também enfrentaram dificuldades em originar o grão, o que resultou em uma alta nos preços internos, especialmente no interior do país, nos últimos meses de 2024. Esse aumento impactou diretamente as exportações de óleo de soja, que caíram, enquanto o preço do óleo no mercado físico aumentou consideravelmente”.
De acordo com Silveira, o país precisará importar quase 1 milhão de toneladas de soja em grão, o que, embora não seja significativo para o maior exportador mundial de soja, é um dado histórico. “Entretanto, com as perspectivas promissoras para a nova safra, os preços devem continuar com viés negativo, principalmente na entrada da safra”.