Soja/milho podem ter ganhos sobre recuos da 5ª feira, mas cenário é baixista com Trump
As altas da soja e do milho nesta sexta, como o observado na bolsa de Chicago desde as operações da madrugada, bem possível que sejam mantidas ao longo do pregão normal. Os ganhos são ajustes sobre os vendidos, depois da forte queda da véspera, com nervosismo que tomou conta das principais commodities após o anúncio de Donald Trump em taxar em 10% as importações de produtos chineses.
Por volta sas 11h47 (Brasília), os vencimentos mais próximos da oleaginosa estavam em alta de de 4 a 5,75 pontos (US$ 8,50/US$ 8,57 o bushel), e o milho em torno dos 5,5 pontos (US$ US$ 4,98/4,00 o bushel).
O movimento pontual de aproveitamento nas baixas entre 16 a 17 pontos, na soja, e de 7,5 no milho, ambos já em forte recuo na quarta (14 e 11 ppontos, respectivamente), não esconde que o cenário é baixista a seguir a guerra comercial sem alguma distensão no curto prazo, avalia Marlos Correa, analista da InSoy Commodities.
O mercado também vai analisar o comportamento chinês, sobre novas compras ou não desses produtos dos americanos, o que repercutirá certamente no balanço de oferta mundial. Além de aspectos como o impacto da medida dos Estados Unidos na economia chinesa, em fogo mais brando há tempos. Ele pensa, porém, que os chineses poderão “levar em banho-maria”, testando até onde vai a rigidez do Trump e olhando ainda o cenário de 2020, quando haverá eleições nos EUA.
Correa amplia ainda as preocupações sobre o momento dos preços das duas commodities diante dos fundamentos específicos da safra americana. O clima melhorou bastante e desafogou um pouco das expectativas negativas que durante semanas assolou os produtores pelas chuvas abundantes.
“A colheita por lá se inicia entre setembro e outubro e temos que esperar os rendimentos que serão conhecidos para, talvez, haver algum potencial de recuperação dos preços”, explica o CEO da InSoy, de Cascavel (PR). O caso do milho tem potencial para ser mais grave a produtividade/produção.
Marlos Correa acredita, ainda, que há um espaço para os mercados buscarem um preço médio, no curto prazo, de US$ 8,50/8,60 o bushel na soja. Com o limite máximo de US$ 9,00 até que tudo fique um pouco melhor definido a partir do início da safra dos EUA.