Soja: disparada dos embarques faz indústrias baterem recorde de importação em 3 dias
Não há indicativo ainda de que haverá indisponibilidade preocupante de soja in natura para alimentar as indústrias neste semestre, mas os dados de importação nos três primeiros dias úteis de julho mostram um movimento que não ocorreu no ano passado, no mesmo período.
Pelas dúvidas ante a disparada das exportações de grãos, que consolidaram 65,8 milhões de toneladas no semestre passado – 20 milhões acima do 1º de 2019 – e quase 2 milhões/t neste começo de julho, as indústrias importaram 13 mil toneladas entre quinta-feira e ontem (6).
Sobre esses números do Secex/Mdic, o analista Vlamir Brandalizze acredita que há alguma preocupação, “já que as empresas precisam assegurar matéria-prima para trabalhar”, em período de maior necessidade. O movimento de compras internacionais deve continuar na medida que há pouca soja não contratada disponível internamente.
Além disso, conta ele, as vendas externas de farelo e óleo também vieram bem, mostrando que há espaço para seguirem com os contratos firmados. Em farelo, o acumulado de 2020 registra 9 milhões/t. Em óleo, 810 mil/t.
Na soma do complexo, 75,6 milhões/t, ou 63% de toda a safra, um salto sobre os 47% de iguais meses de 2019.
Para sustentar a performance, as indústrias processadoras, segundo o CEO da Brandalizze Consulting, têm nas importações da oleaginosa do Paraguai e Argentina um movimento estratégico e se aproveitam também para comprarem lotes livres nos portos.
Esta semana os preços esfriaram dos compradores, entre R$ 111 e R$ 118, e o “mercado interno está pagando melhor”.
Dentre os setores industriais, o de rações está incluído, embora o vice-presidente executivo do Sindirações, Ariovado Zani, em entrevista a Money Times em 26 de julho, tenha dito não esperar problemas para as processadores comprarem entre 6,5 e 7 milhões/t até o final do ano.