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Clima seco, alta demanda, nova safra e El Niño no radar: o que esperar para soja em setembro?

04 set 2023, 12:36 - atualizado em 04 set 2023, 15:48
grãos de soja
El Niño começa a exercer pressão aos produtores brasileiros da soja, que começam a plantar a oleaginosa na 2ª quinzena de setembro (Foto: Pixabay)

O contrato da soja com vencimento para setembro recuou 1,04% na Bolsa de Chicago (CBOT) no mês de agosto. De acordo com Rafael Silveira, analista da oleaginosa na Safras & Mercado, ficou um pouco de lado no mês passado.

“Com o fim do desenvolvimento das lavouras dos Estados Unidos, o mercado começou a exercer menor pressão sobre os preços da soja, com a demanda pela soja da nova safra aquecida durante agosto, o que serviu de fator altista”, explica.

Por outro lado, segundo Silveira, não ocorreram variações bruscas e negativas nas condições das lavouras pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o que manteve um certo equilíbrio.

No último relatório, o USDA reduziu o índice das lavouras do país.

“Ainda assim, o clima seco e a menor umidade ainda pode refletir numa piora no quadro das lavouras norte-americanas, o que pode impactar na produtividade média, resultando em uma menor safra e menos oferta, com um avanço nos preços no curto prazo até a entrada nova safra sul-americana”, diz.

O que esperar para soja em setembro?

Para o analista da Safras, o primeiro fator de atenção aos agentes financeiros deve ser quanto aos relatórios do USDA.

“Os agentes devem estar atentos para possíveis reduções na produção e produtividade norte-americana, que está estimada em 114,44 milhões de toneladas. Sendo assim, a atenção fica para perdas produtivas, mas sem risco para a colheita”, pontua.

A safra 2023/2024 de soja do Brasil, que começa a ser plantada por volta da 2ª quinzena de setembro, está estimada em 163,2 milhões de toneladas pela Safras, alta de 4,5%.

Os produtores brasileiros seguem atentos principalmente quanto ao El Niño, fenômeno climático que começa a ganhar força em outubro e se estende até março, que pode afetar a produtividade.

Tradicionalmente, o El Niño provoca o aquecimento das águas na porção tropical ou equatorial do Pacífico, maior oceano do planeta, o que implica no aumento de chuvas na região Sul e possibilidade de seca em estados do Norte e Nordeste.

“Durante o El Niño, normalmente, vemos um aumento das temperaturas do Centro-Oeste, sendo esse um ponto de atenção já que no Mato Grosso está a maior safra de soja do país. No Sul, o tempo tende a ser mais chuvoso, o que pode impactar no desenvolvimento do plantio. Assim, o produtor deve estar atento a sua janela de semeadura”, discorre.

Por fim, Silveira ressalta que há uma perspectiva de aumenta na área produtiva, e mesmo com eventuais perdas, ainda devemos ter uma nova safra recorde para o grão no Brasil.

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