Soja barata por real fraco e oferta menor impulsionam Chicago em cenário frágil
A forte desvalorização do real, compras técnicas e os fundamentos do balanço mundial voltando ao foco, como oferta diminuída, dão à soja uma boa dose de recuperação nesta quinta (19). Não perde a fragilidade que o cenário da pandemia impõe, e as cotações do petróleo assim o demonstram, mas traz possibilidades de vendas pontuais aos agricultores do Brasil.
Faltando em torno de duas horas para a bolsa de Chicago (CBOT) fechar, o grão sobe em torno de 3%, em mais de 25 pontos no contrato maio, que vai a US$ 8,51.
Outro ponto ainda destacado pelo consultor Vlamir Brandalizze é que as perdas de 11% da commodity, trazendo para US$ 8,40 o bushel na bolsa de Chicago até ontem, deixa também de fora das vendas os produtores americanos. Valor desproporcional aos custos.
“E se somarmos que Brasil e Argentina, juntos, terão cerca de 10 milhões de toneladas a menos nas suas safras, então é momento da bolsa precificar esse conjunto de variáveis”, explica o diretor da Brandalizze Consulting. O Brasil, segundo ele, terá safra recorde, mas pouco abaixo do 120 milhões/t (e menor 126 milhões/t estimados antes, por quebra no Rio Grande do Sul e Paraná), e o vizinho país também terá perda pelo clima, ficando em torno de 50 milhões/t.
A alta do dólar deixa a soja mais barata para os importadores chineses, que estão comprando bem do Brasil, e os Estados Unidos também tiveram bons embarques, segundo o Departamento de Agricultura (USDA). A demanda força a melhora dos preços.
As previsões da venda da safra estão entre 65% e 70%, contra pouco mais de 50% para esta mesma peóca do ano, na safra 18/19.
Já as compras técnicas seguem o movimento de preço barato, gerando oportunidades para os traders.
“As bolsas caem, o petróleo segue também em baixa, mas a soja começa a olhar para seus fundamentos, embora ainda haja necessidade de cautela porque não é cenário de estabilidade”, completa Brandalizze.