SoftBank quer Japão liderando inteligência artificial na Ásia
O fundador da SoftBank Group, Masayoshi Son, tem uma solução para a lentidão econômica que perdura há décadas no Japão. É claro que ele citou a inteligência artificial.
O Japão pode impulsionar o crescimento ao se unir à Índia e a países do Sudeste Asiático na criação de uma plataforma comum de inteligência artificial, disse Son a cientistas e autoridades que se reuniram em Tóquio na terça-feira para o simpósio Moonshot, organizado pelo governo.
Ele imagina o Japão assumindo um papel dominante e acredita que a combinação desses mercados e populações poderia dar a esses países uma chance real contra gigantes dos EUA e China, que dividem a liderança em inteligência artificial.
Son exibiu um gráfico no qual o Produto Interno Bruto do Japão avançava rapidamente e superava o PIB dos EUA e da China. “Se conseguirmos isso, o resultado será impressionante.”
Como o primeiro país a enfrentar problemas intratáveis causados pelo envelhecimento populacional, o Japão deveria se concentrar em tecnologias de carros sem motorista e medicina centralizada em DNA para lidar com o aumento dos acidentes de trânsito envolvendo idosos e com a disparada dos custos médicos, de acordo com Son.
Os países do Sudeste Asiático devem se unir ao Japão na criação de um banco de dados compartilhado e no desenvolvimento de um “mecanismo de inteligência artificial”, disse ele.
“Se criarmos a principal plataforma da Ásia, haverá um grande potencial”, acrescentou Son.
Embora muitos investidores de venture capital se refiram aos sermões de Son sobre a chegada da era da inteligência artificial como puro marketing, o bilionário já pressiona suas empresas a se prepararem para um futuro no qual todo setor será redefinido pela tecnologia.
No mês passado, a SoftBank anunciou planos para unir o negócio de internet Yahoo Japão com a Line, que opera o maior serviço de mensagens do país.
A expectativa é que o complexo acordo em sua terra natal crie uma campeã nacional capaz de competir melhor com rivais globais como Google e Amazon.com.
Son não diminuiu seu entusiasmo com a inteligência artificial, apesar das críticas a sua estratégia de investimento.
O Vision Fund da SoftBank precisou dar baixa contábil no valor de sua carteira de aplicativos de transporte individual — que inclui a chinesa Didi Chuxing, a indiana Ola e a Grab Holdings, de Cingapura — após a ação da Uber Technologies desabar mais de 30% depois da listagem em maio.
Son também perdeu bilhões de dólares com a aposta na WeWork, uma empresa que não tem tecnologia de inteligência artificial evidente, mas problemas de sobra para gerar lucro.
A empolgação com carros autônomos se dissipou após uma série de acidentes fatais mostrar que a verdadeira autonomia pode demorar anos.
Ainda assim, Son afirma que taxis-robôs já são bem melhores no volante do que os idosos. Ele mostrou um vídeo de um veículo autônomo da Cruise percorrendo as congestionadas ruas de São Francisco.
A Cruise é a divisão de direção autônoma da General Motors, na qual a SoftBank investiu US$ 2,25 bilhões.
“‘Para quem ainda duvida da capacidade da direção autônoma, é isso o que já existe hoje”, disse ele.
No caso do aumento dos custos médicos, Son vê a resposta na intensificação das análises de DNA, o que destaca outra de suas empresas, a Guardant Health.
O valor das ações da companhia de detecção de câncer — uma das apostas mais rentáveis do Vision Fund — se multiplicou por quatro desde a estreia no mercado acionário no ano passado. Son também mencionou a Karius, startup de exames de sangue na qual a SoftBank não possui participação declarada.