Socialistas miram comando da Bolívia após saída de Morales
Os socialistas da Bolívia tentam retomar o poder nas eleições deste domingo, um ano depois de o líder Evo Morales sair do país em busca de exílio.
Luis Arce, economista que estudou no Reino Unido e aliado de Morales, lidera as pesquisas, mas precisa evitar um segundo turno em que seus oponentes possam se unir em torno de um único candidato.
Seu principal rival é o ex-presidente Carlos Mesa, que ficou em segundo lugar depois de Morales nas eleições caóticas do ano passado, o que gerou confrontos, acusações de fraude e a saída do chefe de Estado do país.
Na quinta-feira, houve filas em alguns supermercados e postos de gasolina da capital La Paz, em meio à corrida para garantir suprimentos em caso de novos distúrbios.
A Bolívia, com 11,5 milhões de habitantes, enfrenta a pior recessão econômica já registrada, bem como desordem política, já que está sem um líder eleito há um ano. A votação foi adiada duas vezes devido à pandemia.
As principais agências de classificação de risco cortaram o ainda mais o rating da dívida Bolívia na categoria de alto risco desde a eleição do ano passado, citando o risco político e redução das reservas em dólares.
No total, a dívida do país foi rebaixada seis vezes. A economia, uma das mais pobres das Américas, deve encolher 7,9% neste ano, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional.
Arce diz que planeja renegociar bilhões de dólares em empréstimos com credores multilaterais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento e com o Banco Mundial se vencer, evitando o default dos títulos do país.
Os dois principais candidatos se comprometeram a defender a paridade cambial da Bolívia, de cerca de sete por dólar.
Arce, de 57 anos, é popular entre indígenas bolivianos e na zona rural. Ele se comprometeu a seguir o modelo econômico dos 14 anos do governo Morales, caracterizado pelo aumento dos gastos com previdência e pela redistribuição dos lucros das vendas de gás natural.
Mesa, de 67 anos, ex-jornalista, diz que quer atrair capital estrangeiro para os setores de energia e mineração do país e tornar o sistema jurídico mais amigável para os investidores.
Os investidores em títulos soberanos em dólares do país “reagiriam favoravelmente” a uma vitória de Mesa, mas o entusiasmo logo esfriaria se ele não conseguir formar uma coalizão no Congresso, disse Risa Grais-Targow, analista do Eurasia Group.