Biocombustível

Sobrou pão, biscoito e bolacha descartados? A Trio faz etanol no Rio Grande do Sul

29 set 2020, 10:31 - atualizado em 29 set 2020, 10:45
Trio Etanol
Unidade de processamento de etanol extraído dos descartes de farináceos (Imagem: Divulgação/Trio Etanol)

Se sobrar pão vencido, a Trio Bioenergia fica com ele. É mais ou menos isso que o Grupo Triex quer fazer com as indústrias de alimentos do entorno de Porto Alegre, para colocar em operação a unidade de etanol feito de tudo quanto é farináceo que não pode ser mais descartado sem reciclagem.

A nova indústria é pequena, montada pela Usibiorefinarias, mas ajuda a inaugurar um conceito de produção com pegada ambiental de originação diferenciada, com custo de matéria-prima quase zero, uma vez que as indústrias precisam se livrar de um passivo ambiental.

A Trio, em Nova Santa Rita, na região metropolitana da capital gaúcha, começa com mil metros cúbicos dia – 30 mil litros mensais – de acordo com Wander Almeida, sócio-proprietário do grupo.

A R$ 2 o litro do etanol, em média no Rio Grande do Sul, parece nada os R$ 60 mil por mês de receita bruta que renderiam atualmente. Mas, de quase prototipada, validará saltos maiores em volumes, até em outras plantas, incluindo outras biomassas.

Tem açúcar, tem amido, sai etanol.

A produção, no entanto, está em sinergia com as operações do Triex, trading de etanol e açúcar, sediada em Belo Horizonte, com base operacional – logística inclusa – no Sul, de modo que também consegue diluir os custos, completa o empresário.

Em adicional de receita, a Trio Bioenergia vai colocar no mercado ração líquida, muito bem aceita pelo gado, explica Francisco Mallman, sócio da Usibiorefinarias. Igual o DDG do etanol de milho, para efeitos de comparação.

Foram R$ 2 milhões investidos em um projeto, recém homologado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP). Com tudo que tem direito e obrigações uma planta de etanol, seja micro ou grande, explica o sócio-diretor da empresa projetista.

Ainda assim, Wander Almeida não descarta a possibilidade da produção de álcool industrial.

O layout da planta já carrega a quarta experiência da Usibio. É a quarta também no estado, sendo que uma é dela própria, que opera também com casca de arroz, e hoje arrendada pela trading americana CHS. “A empresa resolveu deixar o Brasil e vamos voltar a operar a planta”, diz Mallman.

Uma quinta está a caminho, ainda sob sigilo até que a ANP libere o certificado para produção de etanol também.

“Desenvolvemos o conceito industrial de pequenas usinas com a diversificação de matérias-primas e seguindo as preocupações ambientais”, reforça Francisco Mallman, de olho numa nova consulta que recebeu sobre possível projeto de produção de etanol de rejeitos de uma fábrica de batatas chips.