Sucroenergia

Sobra de açúcar a ser fixada tem leve compensação pelo dólar e pelo prêmio porto

05 maio 2020, 12:13 - atualizado em 05 maio 2020, 12:15
Disponível do açúcar no porto tem alguma disputa de compradores por bagatelas (Imagem: Mauricio Palos/Bloomberg)

O volume recorde de açúcar que está sendo esperado na safra 20/21, em rota de fuga do etanol pelas usinas, precisa ser melhor compreendido. Muito já foi fixado antes e o que sobrará para ser vendido só terá ganhos enquanto o dólar permanecer nas alturas atuais, cobrindo a pequena margem do custo de produção, e uma leve bonificação no porto.

Até que que o biocombustível entrasse em modo apagão com a pandemia corroendo margens, na proporção da queda do petróleo (e gasolina mais barata), e demanda no fundo do tanque, as estimativas apontavam entre 65% e 70% da commodity fixada em contrato para entrega, de acordo com a Safras & Mercado, que prevê produção de 34 milhões de toneladas. A Conab fala em 35,5 milhões/t.

O negociado até fevereiro girou entre 13,75 a 14,50 centavos de dólar por libra-peso em Nova York, considerados bons enquanto o mercado surfava no déficit global, até então, ocasionado por safra menor da Índia. Naquelas cotações a rentabilidade foi maior.

Agora, do açúcar disponível mesmo, com a ICE Futures em 10,60 c/lp (mais 2%), ao redor das 12h15 (Brasília), tem usinas ganhando de 4 a 2 c/lp sobre o custo de produção – e algumas empatando, avalia Maurício Murici, que assina as análises setoriais da Safras.

A menor quantidade brasileira a ser ainda contratada está se refletindo nos prêmios basis no Porto de Santos. Muruci está observando prêmios de 3 a 8 pontos sobre a tela de Nova York de julho. Há alguma disputa entre os compradores, mas dificilmente passará daquele teto, pois anularia a bagatela que as indústrias globais querem para estoques.

E segue limitando a força inercial sobre as cotações na ICE Futures. A soma do que já vai ser embarcado e do ainda será representa uma montanha de commodity para um mundo que foi mais ainda podado, na crise pandêmica, de seu limitado poder de consumo.