Sobe no boato, cai no fato? ADRs do Bradesco (BBDC4) despencam até 6% após balanço; o que explica?
Ao que parece, o mercado não recebeu tão bem o balanço do Bradesco (BBDC4).
Após o resultado do terceiro trimestre, que mostrou lucro de R$ 6,2 bilhões, as ADRs do banco negociadas em Nova York chegaram a cair mais de 6% no after-market.
Por volta das 19h52, porém, a queda havia se reduzido para 1,99%.
- LEIA TAMBÉM: O Money Times liberou, como cortesia, as principais recomendações de investimento feitas por corretoras e bancos — veja como acessar
O pico de estresse pode estar relacionado à alta expectativa do mercado, que fez a ação disparar 3% na semana, renovando recordes recentes.
“Foi um resultado um pouco abaixo da expectativa do consenso. Contudo, havia investidores otimistas com o trimestre do banco, esperando uma surpresa positiva. Isso deve explicar uma reação de mercado mais forte”, destaca um gestor ouvido pelo Money Times.
Já Hugo Queiroz, gestor da L4 Capital, afirma que a operação do banco segue melhorando, com crescimento da margem e boa gestão operacional.
“A margem financeira subiu, então mostra que a carteira segue saudável nesse aspecto de reconstrução. Agora, o lado do risco deu uma leve piorada, então o mercado pode se assustar com esse aspecto”, diz.
Ele lembra que o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) ficou estável por esse fator.
“Era para continuar subindo na nossa projeção, mas o mercado já tinha antecipado esse cenário no preço. Então pode ser que vejamos uma realização amanhã.”
- LEIA AGORA: Resultados do 3T25: Veja como os números das empresas listadas na bolsa brasileira impactam o seu bolso
No comparativo anual, o indicador até mostrou melhora, com alta de 2,3 pontos percentuais no ano. No trimestre, porém, a variação foi de apenas 0,1 ponto, para 14,7%.
A média de quatro analistas consultados pelo Money Times apontava ROE de 14,85%.
“Aparentemente, não me preocupa. É um efeito pontual e específico, mas vamos acompanhar amanhã. O risco deu uma leve deteriorada, mas a despesa operacional veio muito bem, com continuidade de eficiência. Parte de seguros também superpositiva e saudável”, complementa Queiroz.
Lucro mais baixo assustou os gringos?
Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, o principal ponto do balanço foi a desaceleração do lucro, reflexo do aumento das provisões de crédito — fator que ainda desperta cautela no mercado.
O banco elevou suas despesas com PDD (provisão para devedores duvidosos) — reserva de capital feita para cobrir possíveis inadimplências — em 20% no ano e 5,1% no trimestre, para R$ 8,5 bilhões.
Segundo ele, o movimento ocorre especialmente em segmentos mais vulneráveis, como o agronegócio, onde a inadimplência tem pressionado os resultados.
Lima acrescenta que esse tipo de resultado impacta mais intensamente as ADRs, já que investidores estrangeiros tendem a buscar instituições com rentabilidade consistente e carteira de crédito sob controle.
“Quando aparecem sinais de deterioração da qualidade dos ativos ou de menor ritmo de lucro, a tese de recuperação gradual perde força — e a liquidez internacional reage negativamente”, completa.