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Sob pressão, Brasil apresenta Plano Amazônia antes de reunião com Biden

15 abr 2021, 13:10 - atualizado em 15 abr 2021, 13:12
Hamilton Mourão
O Plano Amazônia será coordenado pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido pelo vice-presidente Hamilton Mourão (Foto: Bruno Batista/ VPR)

Daqui uma semana, líderes de 40 países, incluindo Jair Bolsonaro, participarão de uma cúpula sobre o clima organizada pelo presidente dos EUA, Joe Biden.

Em tal contexto, o Brasil apresenta o Plano Amazônia, uma nova proposta para conter o desmatamento na maior floresta tropical do mundo.

A promessa, com ações coordenadas entre ministérios, é reduzir até 2022 o número de queimadas e derrubadas ilegais para a média histórica do período 2016/2020, medido pelo satélite do INPE.

Já o Observatório do Clima criticou os objetivos apresentados pelo governo brasileiro. Segundo a entidade, a área desmatada prevista na meta continuará maior do que a vista em gestões anteriores.

Dados preliminares mostram que o desmatamento da floresta amazônica caíram no primeiro trimestre de 2021, mas a queda pode ser devido principalmente à cobertura mais intensa de nuvens este ano, e especialistas apontam para um salto preocupante na destruição de março.

Cerca de 576 quilômetros quadrados foram destruídos nos primeiros três meses, uma queda de 28% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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Passar a boiada

Três frigoríficos brasileiros exportaram 53.256 toneladas de carne avaliadas em US$ 267 milhões com origem ligada ao desmatamento da Floresta Amazônica desde 2018 (Imagem: Reuters/Bruno Kelly)

A proteção da Amazônia está diretamente ligada a um ponto sensível da economia brasileira: o agronegócio.

E há um ano, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, colocou mais pressão nas costas do Brasil com a afirmação “passar a boiada”, em eventual flexibilização de normas de proteção ambiental, revelada com a divulgação da reunião ministerial.

Também no ano passado, um relatório do Greenpeace revelou que frigoríficos brasileiros JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3), compraram milhares de cabeças de gado ligados ao desmatamento da Floresta Amazônica desde 2018.

O relatório fornece uma janela para a chamada lavagem de gado, na qual os bois criados em terras desmatadas ilegalmente são transportados entre fazendas para esconder suas origens.

O Greenpeace aponta como os três frigoríficos exportaram 53.256 toneladas de carne avaliadas em 267 milhões de dólares em períodos aproximadamente correspondentes às compras de gado da fazenda Barra Mansa, no Mato Grosso.

Hong Kong e Emirados Árabes Unidos foram os principais consumidores, enquanto cerca de 15% dessas exportações no período foram para a Europa.

Com Agência Brasil e Reuters