Sob perspectiva de melhores fundamentos, ação da Vale tem espaço para subir mais
As ações da Vale continuam inegavelmente baratas para os analistas do BTG Pactual (BPAC11) e do Safra. Mesmo após o rali das últimas semanas, o papel da mineradora está sendo negociado a um preço menor do que o de meses atrás.
“Nossa análise sugere que as ações da Vale estão substancialmente atrasadas em relação à melhora nos fundamentos do minério de ferro“, afirmaram os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, em relatório divulgado pelo BTG ontem.
O banco reiterou a Vale como sua top pick. A recomendação de compra foi mantida, com preço-alvo em 12 meses de US$ 17 para a ADR (American Depositary Receipt) VALE.
De acordo com o banco, há diversos argumentos que levam a acreditar que existe um potencial de valorização significante no modelo. Levando em conta os preços spot atuais, a Vale pode atingir níveis de Ebitda de US$ 38 bilhões em 2021. O rendimento do fluxo de caixa livre estaria próximo a 25%, enquanto o múltiplo EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) para 2021 seria de apenas 2,5 vezes.
“Portanto, com o tempo passando e o fluxo de caixa se acumulando, acreditamos que as ações devem continuar subindo”, explicaram Correa e Greiner.
O BTG também segue defendendo o nível de distribuição de dividendos (estimativa entre 14% e 15%, considerando o preço de US$ 120/tonelada para o minério de ferro em 2021), visto que os fundamentos da Vale só melhoraram.
O BTG acredita ainda que o consenso vai revisar para cima os números da Vale em breve, o que continuará sustentando a performance da ação.
Percepção de risco menor
O Safra reforçou a recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) para os papéis da mineradora, com preço-alvo ao fim de 2021 de R$ 98 para VALE3 e de US$ 18 para a ADR. Além de considerar o desconto da ação de aproximadamente 35% em relação aos pares australianos, a visão positiva da instituição se baseia na expectativa de forte geração de caixa, em um dividend yield (rendimento do dividendo) de aproximadamente 9% e na queda da percepção de risco com as iniciativas ESG.
“Os preços do minério de ferro têm surpreendido pela valorização, principalmente como resultado da contínua demanda chinesa”, comentaram Conrado Vegner e Victor Chen, autores do relatório divulgado pelo Safra nesta sexta-feira. “Esperamos que os preços permaneçam fortes no curto prazo, considerando a queda sazonal na produção no primeiro trimestre de 2021 e nos baixos níveis de estoque nos portos chineses”.
O Safra aproveitou para atualizar o preço-alvo da Bradespar (BRAP4), agora de R$ 71. O banco estima que a Bradespar está sendo negociada a um desconto de 14% para o valor de sua participação na Vale, comparado a uma média de 19% no ano.
“Considerando que o atual desconto está próximo à nossa estimativa justa, preferimos Vale a Bradespar”, concluíram os analistas.