Sob novo diretor, Inmet tem a chance de atuar diretamente no controle ambiental
A meteorologia não é usada apenas para o agricultor saber quando plantar e quando colher, ou na previsão de desastres naturais, mas, bem aplicada e difundida, ajuda no controle e proteção do ecossistema e deve interagir com outros órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem no novo diretor, confirmado nesta quarta (16), a oportunidade de servir para esse fim também. Miguel Ivan Lacerda leva para o órgão o crédito que conseguiu junto ao setor privado como formulador do RenovaBio, o mais importante programa de política ambiental condicionado à energia renovável dos biocombustíveis.
Além da previsão do tempo, talvez o Brasil possa esperar do Inmet agora as outras atribuições da ciência da meteorologia, entre as quais planejamento ambiental e socioeconômico, estudos de impacto ambiental e controle de poluentes, além de gerenciamento energético e de recursos hídricos.
Três meses depois de demitido da diretoria de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), pelo secretário José Mauro Ferreira, sob a alegação de não se alinhar à sua gestão, a ministra Tereza Cristina tratou de assegurar para o Ministério da Agricultura (Mapa) a experiência e o conhecimento de Lacerda.
Economista e com pós-graduação em agronegócio, o novo diretor do Inpe estava desde setembro na Secretária de Negócios e Inovação da Embrapa.
Embora o meio ambiente seja um ponto crítico deste governo, especialmente pela indiferença com o qual é tratado, alvo de confronto com governos europeus e com ongs, o Mapa pode estar dando uma contribuição indireta para ajudar o produtor rural nesse sentido. É o que estava ao seu alcance, uma vez que o Ibama pertence ao Ministério do Meio Ambiente (MAA) e o Inpe ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) – ambos sob interferência direta do Planalto.
O Inpe também vinha sofrendo de conflitos internos, com servidores contestando algumas ações de “esvaziamento” do diretor demitido, Carlos Edison Carvalho Gomes.