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Só o mercado interno paga o preço da redução do abate de bovinos em 2020

18 mar 2021, 15:33 - atualizado em 18 mar 2021, 15:39
Gado Boi Carnes
Quantidade menor de animais processados pelos frigoríficos não inibiu alta das exportações (Imagem: Leonardo de Barros)

Em 2019, o Brasil bateu recordes nas exportações de carnes bovina, quando completou o terceiro ano seguido de aumento dos abates. No ano passado, novos recordes, mas o volume de bois, vacas e novilhos abatidos caiu 8,5%, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Faltou boi, os frigoríficos enfrentaram – como até agora – altas seguidas no preço pago ao produtor, as margens ficaram um pouco mais estreitas, contudo os volumes e a valorização do dólar não arrefeceram em nada os embarques. E compensaram a freada total no consumo do brasileiro.

Foram 2,016 milhões de toneladas de carne in natura e um pouco de processada, para US$ 8,7 bilhões, respectivamente mais 8% e mais 11% sobre 2019.

Quem pagou o pato foi o mercado interno. O consumidor atualmente tem que controlar seu apetite ante uma carne cujo boi está valendo R$ 310 a @ em São Paulo, por exemplo.

Só para efeito de ilustração, no início do segundo semestre passado, quando a demanda chinesa estava no auge, a @ média foi de R$ 230 em agosto para R$ 250 em setembro. E não parou mais de subir, mesmo com a esfriada tradicional da China da segunda quinzena de dezembro para a primeira de fevereiro.

Custos

A maioria dos produtores também não se diz contentes com essa alta que nominalmente eles tiveram, mesmo para aqueles que trabalham com boi China, que conseguem um ágio que hoje está entre R$ 10 e R$ 15.

A redução do abate é resultado da retenção de fêmeas para gerar crias, devido à valorização gerada pela demanda externa, impondo mais preços pelo encurtando da oferta disponível.

Principal fonte de custos dos pecuaristas que estão na ponta final, recria e engorda, a reposição de bezerros saltou para animais anelorados, em São Paulo, de 12 meses e 225 kg, para mais de R$ 3,3 mil, segundo dados da Scot Consultoria desta quinta (18). Em fevereiro esteve entre R$ 2,8 mil a R$ R$ 2,9 mil, na média do Cepea.

O boi magro, de engorda mais rápida, com três meses de cocho, também pela Scot, circula acima de R$ 4,4 mil.

São preços referência, de modo que negócios bem acima são comuns.

Em paralelo, o produtor pagou muito mais caro também pela ração, especialmente de agosto em diante, com a explosão dos insumos mais usados, como soja e milho. E mesmo boi de pasto também precisou ser mais suplementado, depois da estiagem e calor que se estenderam até final de dezembro.

Esse ambiente é em todas as principais praças produtoras brasileiras, que totalizaram, com aquela queda acima de 8%, 29,7 milhões de cabeças no gancho em 2020, contra as 32,4 milhões de 2019.

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