Smiles: Tempestade perfeita está precificada?
As equipes de análise do Credit Suisse e do BTG Pactual cortaram as projeções para a Smiles (SMLS3) após a apresentação dos resultados no segundo trimestre de 2018. O banco suíço reduziu o preço-alvo de R$ 87,50 para R$ 70 e o brasileiro de R$ 86 para R$ 70. Ambos, contudo, continuam a recomendar a compra dos papéis.
O lucro líquido atingiu R$ 114,2 milhões, queda de 20,7% na comparação com um ano antes. A receita líquida retraiu 8,9% versus o segundo trimestre de 2017, para R$ 198,1 milhões, influenciada pela queda de 42,2% no mesmo período da receita de breakage devido ao menor volume de milhas efetivamente expiradas e leve desaceleração na velocidade do resgate.
Os analistas Felipe Vinagre, Thiago Casseb e Alejandro Zamacona avaliam que o resultado muito abaixo do esperado (20%) parecia já ter sido antecipada pela comunidade buy side (gestores de carteiras e fundos). Eles lembram que a ação tem estado sob pressão devido às preocupações relacionadas à governança, como a ainda pouco clara política de dividendos, estratégia de fusões e aquisições e renovabilidade do contrato com a Gol.
Além disso, há o questionamento da saúde financeira da Gol, volatilidade política e o recente aumento dos preços dos combustíveis. “Neste contexto, até a greve dos caminhoneiros, as esperanças eram que de que a histórica forte trajetória operacional ajudasse a compensar os ventos contrários, mas, ao contrário, os fracos resultados do segundo trimestre reforçaram a tempestade”, explicam.
Para o BTG, com as margens sob controle, o crescimento contínuo dos faturamentos (o maior resultado positivo do primeiro semestre) e a curva de resgates se normalizando nos próximos trimestres (com as receitas de breakage retornando ao seu nível trimestral regular de aproximadamente R$ 60 milhões), não há riscos para as estimativas de lucro líquido de 2018/2019, pelo menos não por agora.
O pior passou?
A justificativa do Credit Suisse para manter a sua sugestão de compra é o múltiplo visto como atrativo a 10 vezes o preço sobre o lucro (P/L) e com um potencial de queda limitado (-12%) para um cenário “ultra pessimista” de não renovação do contrato com a Gol em 2032 e custo de capital de 16%. O BTG acreditamos que novos sinais sobre a estratégia de implantação de caixa (dividendos adicionais ou passagens aéreas compradas antecipadamente) devem ser o principal fator a motivar as ações adiante.