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SLC Agrícola (SLCE3): ‘Tivemos uma perda de R$ 500 mi, mas projetamos uma recuperação no 1T25’, diz CFO

27 nov 2024, 7:00 - atualizado em 26 nov 2024, 17:24
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(Foto: Money Times)

O 2024 da SLC Agricola (SLCE3) ficou marcado por problemas climáticos, principalmente em Mato Grosso, onde a companhia viu queda de 17% na colheita de soja, o que resultou em uma perda na ordem de R$ 500 milhões.

No terceiro trimestre, a companhia reportou um prejuízo de R$ 17 milhões. Em entrevista ao Money Times, o diretor financeiro (CFO), Ivo Brum, disse que o número do terceiro trimestre é, invariavelmente, fraco, “por não termos grandes marcações de ativos biológicos”.

“Ele só não será fraco quando tivermos um atraso na maturação das culturas e você marca um ativo biológico no período, mas isso raramente acontece. O nosso resultado é marcado quando dá colheita, praticamente. A soja, por exemplo, é marcada praticamente toda no 1T, enquanto que no 2T nós marcamos praticamente todo o milho e algodão 2ª safra”, explica. 

Apesar da menor receita para soja, Brum destaca que a SLC ainda reportou uma boa margem, de 10%, para a oleaginosa. “Também tivemos perda de 6,7% no milho. Dentro desse contexto, mesmo com as perdas no acumulado do ano, tivemos margens bem adequadas”, vê.

No quarto trimestre, a expectativa fica por conta da principal cultura da companhia, o algodão.

“Vimos a entrega de algodão no 3T, mas em volumes pequenos, com as entregas acelerando no 4T24 até o 2T25. No 4T, também vamos ter a marcação da soja a ser colhida em janeiro, o que deve ser positivo nos resultados. O atraso do plantio nas últimas semanas pode mudar um pouco o que será marcado em dezembro e janeiro”, comenta.

O momento do agronegócio

No ano passado, no ciclo 23/24, as chuvas começaram cedo, o que fez com que a companhia plantasse cedo em algumas áreas, que veio seguido de um período seco de 20 dias, o que prejudicou o potencial da soja. Isso fez necessário o replantio, o que por sua vez também atrasou a colheita.

“Em 2024, foi diferente. A chuva atrasou, mas quando começou ela veio com força. Com isso, nós plantamos a soja na melhor janela, que é outubro. Estamos nos preparando para fazer o plantio do milho e algodão safrinha dentro da janela, que será bem estreia”.

Perguntado sobre os impactos do pedido de recuperação da judicial da AgroGalaxy (AGXY3), Brum reforçou que o momento atual é de margens mais comprimidas após 3-4 anos de um cenário positivo para os preços das commodities.

“Logicamente, quando o produtor tem dinheiro, ele acaba investindo, comprando mais máquinas, muitas vezes comprando até o vizinho, e agora veio um período de margens mais baixas. Hoje, a capacidade de produção de soja é maior que o consumo. A nossa expectativa é de que isso se estabilize em 2 ou 3 anos. O problema da AgroGalaxy, não vou dizer que era esperado dela, mas era esperado que as margens reduzissem. Acho que o mercado em geral não se preparou para esse momento”. 

Oportunidades de crescimento

Seguindo no tema do momento difícil para o agronegócio, Brum ressalta que a expectativa da companhia era de crescer ao longo dos últimos 3 anos, o que acabou não acontecendo.

“Estava caro os fertilizantes, conversão de pastos e novas áreas de arrendamentos. Agora, o cenário é de dificuldade para produtores ineficientes, surgindo boas oportunidades de crescimento, e para quem está com baixa alavancagem, como é o nosso caso, isso dá espaço para crescermos sem muita competição, já que os produtores estão aguardando uma melhora”.

Com isso, Brum ressalta o contra ciclo favorável para a SLC Agrícola. “Quando está bom para todo mundo, a gente não consegue crescer. Quando a margem está mais apertada, conseguimos avançar sem muita concorrência. Com a alavancagem baixa, temos um bom espaço para crescer na área plantada e fazer novos investimentos”.

Quanto a escalada do dólar, o diretor financeiro explica que a desvalorização do real é sempre positiva, já que cerca de 40% do custo da companhia está em reais.

“Crescemos 60 mil hectares em área plantada neste ano, após 3 anos sem crescer. O hedge é fundamental no nosso negócio, principalmente pelo nosso foco em administrar dívidas e resultados. Não tomamos dívidas em dólares, e quando tomamos dólar, fazemos o swap para reais, e a partir daí, nós pegamos a previsão de venda de volumes em 2025, e vamos vendendo câmbio dentro desses períodos. Quando ele chega a R$ 5,80, é ótimo, e você pega o futuro acima de R$ 6,50, e aí você traz o preço da saca de soja em um patamar competitivo ou com boa margem”.

‘Perdemos R$ 500 milhões no curto prazo’

Recentemente, a SLC Agrícola emitiu dois CRAs, um no valor de R$ 1,1 bilhão e outro no valor de R$ 400 milhões, com vencimentos de 6 a 8 anos, o que permitiu o alongamento da dívida da companhia.



“Essas emissões deram suporte ao crescimento desses 60 mil hectares, que demanda bastante caixa. Fora isso, alguns valores serão usados para conversão de pasto e aquisição de máquinas, com o alongamento ajudando a tirar a pressão no curto prazo. Como mencionamos, perdemos 17% de soja, com isso, deixamos de fazer uma receita de R$ 500 milhões no curto prazo, um caixa direto. No ano que vem, devemos ter uma colheita muito positiva, e se a gente produzir bem soja no 1T25, vamos reverter aquela perde de R$ 500 milhões“, aponta

Valorização de terras da SLC Agrícola e novas compras

No final de junho, a SLC reportou uma valorização de 7% para suas terras agrícolas, que saíram de R$ 10,928 bilhões para R$ 11,591 bilhões, algo inesperado para o mercado e até mesmo para a companhia.

“No geral, houve uma redução dos preços das terras, com exceção para Bahia e Mato Grosso do Sul. A Bahia aumentou o preço porque um estudo da Universidade de Nebraska, junto com o governo do estado, apontou para o potencial da irrigação na área, com isso o oeste baiano está sendo todo irrigado. Nós mesmos temos um plano de 50 mil hectares irrigados no estado, e as áreas cresceram de preço”.

“Um exemplo. 1 hectare em Sapezal (MT) está em torno de R$ 90 mil, enquanto que na Bahia fica R$ 50 mil + R$ 25 mil com irrigação, totalizando R$ 75 mil. Olha a diferença e as garantias que você tem ao produzir na Bahia. Já no Mato Grosso do Sul houve uma valorização pelo avanço da indústria de celulose na região”, completa.

Segundo Brum, a SLC Agrícola focará mais em asset light, arrendando mais do que comprando novas terras. No entanto, a aquisição de novas áreas não está descartada. “Se virmos boas oportunidades, vamos adquirir”.

O que esperar da SLCE3 em 2025?

Para 2025, a expectativa é de pagamento de dividendos, com o pagamento em linha com o realizado historicamente, de 50% do resultado.

“Estamos com R$ 533 milhões de resultado líquido até o momento, então os dividendos devem ficar ao redor de R$ 250 milhões. A nossa expectativa é de uma colheita positiva de soja em 2025. 2024 foi um ano que gente teve de fazer uma redução de custos, e em 2025, a expectativa é de melhores margens e uma produção ainda maior”.