Trump não assusta: SLC Agrícola (SLCE3) não tem medo de perder mercado chinês

Os Estados Unidos, em meio à guerra tarifária, vem tentando aumentar a venda de seus produtos agrícolas para a China, com Donald Trump já tendo pedido publicamente, por exemplo, que o país asiático quadruplique suas compras de soja do país. No entanto, isso não amedronta a brasileira SLC Agrícola (SLCE3).
Em coletiva realizada na noite desta quarta-feira (13), após a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25), Aurelio Pavinato, CEO da SLC Agrícola, afirmou que a China não deve aumentar significativamente suas compras dos EUA por dois fatores principais: competitividade de preço e mudança estrutural na origem das importações.
Pavinato destacou que o Brasil e a Argentina têm se mantido competitivos no mercado internacional, oferecendo, por exemplo, soja a preços mais atrativos e com maior disponibilidade no período em que a China intensifica suas compras — usualmente no segundo semestre do ano.
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“A tendência é que a China aumente as compras de soja no segundo semestre, como normalmente acontece, mas isso não significa que vá comprar mais dos Estados Unidos. Brasil e Argentina estão competitivos e devem continuar com participação relevante”, falou.
Ele ainda lembra que a participação dos Estados Unidos nas compras da China quando o assunto é soja já foi maior do que 40%, mas que hoje fica em 20%.
E mesma coisa acontece para os outros principais produtos da SLC Agrícola. No caso do milho, o CEO da SLC observou que Brasil e Argentina vêm aumentando presença no comércio internacional, aproveitando boas condições de produtividade e colheita, o que reduz o espaço para o milho norte-americano. Sobre o algodão, Pavinato ressalta que a competitividade do produto brasileiro está sustentada tanto pelo custo de produção mais baixo quanto pela qualidade da fibra.
Para CEO da SLC Agrícola, China está “sem pressa”
A China ainda está, para ele, sem pressa de fechar um acordo com os Estados Unidos.
“Mesmo com Trump colocando pressão para que comprem só dos Estados Unidos, eles não estão com uma urgência. Eles estão confortáveis com os estoques. Se eles não chegarem a um acordo, a China não vai comprar só de americanos e ai aumentará demanda”, explicou Aurelio.
Durante o 2T25, a guerra comercial impulsionou as aquisições de soja, com importadores tentando se antecipar às tarifas, o que elevou os prêmios a patamares recordes.
“É difícil que acreditar que se viabilizará um acordo muito prejudicial ao brasileiro, como exportador de soja ou de milho. É muito difícil imaginar China e Estados Unidos vão chegar num acordo que vai ser prejudicial a nós. Eu ainda acredito que o que vai se encaminhar, para nós, é um mercado mais favorável”, mencionou.
Pavinato enxerga dificilmente as tarifas de importação dos dois países voltarão à “estaca zero”, de antes do início da guerra comercial. Se isso não acontecer, as taxações sobre as exportações continuarão a existir dos dois lados.
“Nesse caso, a China teria motivação para importar soja dos Estados Unidos pagando impostos sendo que ela pode importar do Brasil e da Argentina sem pagar impostos?”, indagou.