SLC Agrícola (SLCE3): CEO vê mercado aquecido para terras e lista áreas que mais se valorizam
O CEO da SLC Agricola (SLCE3), Aurelio Pavinato, falou sobre a valorização de terras agrícolas e os desafios da safra 23/24 durante a 25ª Conferência Anual do Santander.
No final de junho, as terras produtivas da SLC apresentaram uma valorização de 7%, segundo a consultoria Deloitte, saindo de R$ 10,928 bilhões para R$ 11,951 bilhões, com o valor médio do hectare agricultável em R$ 57.555.
Pavinato comentou que a valorização de terras aconteceu de forma mais intensa no Sul e Sudeste, mas tem ganho força no Centro-Oeste nos últimos anos, em especial no Mato Grosso.
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“No ano passado, em razão do desempenho do Matopiba (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia), em termos de produtividade e estabilidade, foi a área que mais se valorizou, ainda que tenha preços menores que o Centro-Oeste”.
A importância da irrigação na valorização das terras agrícolas
O CEO explica que a SLC dividiu o Brasil em três macrorregiões, baseado numa estimativa quanto aos preços das terras, entre elas:
- Sul e Sudeste: R$ 80 – R$ 120 mil por hectare
- Centro-Oeste: R$ 60 – R$ 80 mil por hectare
- Nordeste: R$ 40 – R$ 60 mil por hectare
Segundo ele, houve uma valorização nas terras do Nordeste em função das últimas safras de anos anteriores e dos investimentos do estado em irrigação.
“O estado está liberando licenças para investimento em irrigação, já que os estudos mostram que é possível até triplicar a área plantada com irrigação, sendo que hoje essa é uma únicas regiões que não fazia duas safras. Com irrigação, está sendo possível fazer dois ciclo garantidos, o que resultou nessa valorização imobiliária, que tende a crescer ainda mais”, vê.
Normalmente, a Bahia produz 70 – 75 sacas por hectare de soja, e com irrigação, esse potencial sobe para algo em torno de 80 – 90 sacas. Quanto ao algodão, o potencial produtivo sai de 330 arrobas por hectare para 370 – 380 arrobas por hectare.
“A terra é consequência de quanto ela gera de valor. No médio e longo prazo ainda tem um espaço muito grande de valorização imobiliária no Cerrado, que ainda não está ‘maduro’ por uma questão de escassez ou de oferta de terras, e por uma questão de logística. O frete do Cerrado para o porto é caro, em comparação com o Sul. Com o avanço das ferrovias e da indústria local, a tendência é de uma melhora, que deve se transferir para o valor imobiliário”.
Desafios da SLC Agrícola em um ano de El Niño
Pavinato contou que no ciclo 23/24, sob influência do El Niño, havia uma expectativa para uma quebra no Nordeste, pela menor chuva característica de anos com o fenômeno climático No entanto, as perdas aconteceram no Centro-Oeste.
“A Bahia é a região que mais sofre quando tem El Niño, mas neste ano quem sofreu foi o Mato Grosso. No estado, perdemos 17% da produção de soja, significativo para o nosso resultado. Felizmente, tivemos uma alta produtividade e qualidade para o algodão. Mesmo em anos difíceis, conseguimos ter uma margem razoável, e eu costuma relacionar isso a nossa fortaleza, custo baixo e alta produtividade“, disse.
O CEO da SLC Agrícola ressalta que outro aspecto negativo ficou por conta das margens do setor, com queda nos preços internacionais da soja, milho e algodão. Entre os fatores que garantiram custos competitivos no último ciclo, Pavinato destacou o momento certo da companhia na aquisição de fertilizantes, já que os preços, assim como as commodities, variam bastante no mercado internacional.
“A execução do nosso trabalho é a parte mais desafiante do negócio, por sermos uma indústria a céu aberto. No nosso caso, o comprometimento do time, cultura da empresa e qualificação da equipe que garante uma execução com eficiência. E essa execução correta passa por garantir o máximo de produtividade depois do plantio. Depois de plantarmos, ao longo de trato da cultura, eu só posso perder potencial, e essa perda só ocorre quando você não faz um manejo correto, e é isso que faz a diferença sobre quem produz menos ou mais”, explica.
No segundo trimestre de 2024, a empresa viu seu lucro líquido recuar 7,8%, a R$ 321,142 milhões.