Sinais de esgotamento: O perigo da China virar o Japão (e o Brasil sair machucado desse processo)
A desaceleração da economia chinesa provoca calafrios nos investidores aqui no Brasil e pode estar por trás da sequência histórica de quedas do Ibovespa. Com forte correlação com as commodities, o índice acumula sequência de 10 perdas seguidas, marca só vista na década de 80.
Nesta terça-feira, novamente, a potência asiática divulgou números abaixo do esperado, com a produção industrial de julho avançando 3,7%, mas com uma desaceleração ante maio. Dados de varejo e investimentos também desanimaram.
Para tentar dar ânimo novo para o país, o banco central da China cortou inesperadamente um conjunto de taxas de juros importantes e seguiu com cortes em outras taxas horas depois.
O temor é que a outrora locomotiva chinesa, que exibia taxas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 8% ao ano, entre em um processo de ‘japonização’ da economia. A ilha é tomada como sinônimo de economias que crescem de forma exponencial e depois entram em um processo de estabilização.
“Você está falando de um crescimento chinês de 20 anos, que foi muito pautado na alavancagem, crédito para a infraestrutura, o que a gente vê na parte de house é um pedação disso. Isso dá sinais de cansaço há muito tempo”, discorre Mario Schalch, gestor da Neo Investimentos em mais um episódio do Market Makers.
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Apesar disso, o gestor diz que o governo chinês está tomando medidas corretas para tentar mitigar esses efeitos.
“A grande dúvida que fica é se eles [o governo chinês] realmente vão conseguir fazer um pouso de uma maneira organizada ou não. Têm vários aspectos que dizem que não vão conseguir, a história diz que é muito difícil fazer isso”, argumenta.
Por outro lado, vê o gestor, a China possui uma economia levada a mão de ferro pelo partido, “uma economia onde os direitos individuais não existem, então o que precisar ser feito, vai ser feito”. “Não temos uma visão clara do que fazer, porque para a gente [a economia chinesa] é caixa preta”, completa.
Já o gestor André Raduan, da Genoa, que também participou do programa, vê algumas similaridades da economia chinesa com a ‘japonização’, mas cita outra preocupação para o país: a falta de investimentos externos.
“A China sempre foi fluxo de investimento muito grande do exterior. Não de capital, mas também de FDA, que é o investimentos direto. Desde a guerra da Ucrânia, temos visto esse investimento direto colapsar”, discorre
Para o gestor, a tendência é que se comesse a construir fábricas perto dos Estados Unidos para tentar diminuir o problema de suprimento de cadeia, um dos motivos para os preços internacionais terem explodido.
Com informações da Reuters