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Simpar não pode bobear, mesmo com uma geração de caixa quase à prova de tudo

14 jan 2021, 15:28 - atualizado em 14 jan 2021, 15:28
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Velocidade controlada: para a Fitch, Simpar precisa ir mais devagar (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

A Simpar (SIMH3), holding criada para controlar o Grupo JSL, apresenta uma capacidade de gerar caixa, medida pelo ebitda, quase à prova de crises. Enquanto outras empresas perdem o sono, diante da segunda onda do coronavírus, a holding deve voltar aos níveis pré-pandemia entre este ano e o próximo.

O problema é que as pesadas dívidas assumidas para bancar a estratégia de expansão consomem praticamente todos os recursos, e não sobra praticamente nada para os acionistas da Simpar. Além disso, a pressão do endividamento poderia crescer, diante de algum deslize no caixa.

A avaliação é da Fitch, que recomenda alguns ajustes na estratégia da empresa. “O fluxo de caixa livre permanecerá negativo, na média, em R$ 1,7 bilhão no triênio 2020-2022, pressionado pelo investimento médio anual de R$ 2,2 bilhões para expansão”, estima a agência de classificação de risco.

Operação saudável

Outro indício de que a Simpar pode ter escolhido uma estratégia agressiva demais para crescer é que, quando se considera apenas os gastos operacionais, o fluxo de caixa operacional seria positivo.

“Excluindo os investimentos em crescimento, a Simpar gerou, aproximadamente, um fluxo de caixa operacional médio de R$ 743 milhões entre 2016 e 2019”, afirma a Fitch.

Isso só foi possível, segundo a agência, por que a companhia “apresenta uma forte e razoavelmente previsível geração de caixa, baseada em contratos de longo prazo”. A Fitch acrescenta que “a empresa tem entregado margens sólidas e crescentes, enquanto encorpa seus negócios de locação, Vamos e Movida (MOVI3).”

Pé no freio

Mas, para que este trunfo seja realmente positivo para o futuro da Simpar e para os dividendos dos acionistas, a Fitch aconselha que seria melhor rever alguns pontos.

“Em nossa opinião, uma estratégia de crescimento mais moderada ou uma melhora mais rápida da geração de caixa operacional nos negócios de logística e de locação de veículos seria necessária para suavizar o endividamento no médio prazo”, diz a Fitch.

A agência projeta um ebitda consolidado de R$ 2,1 bilhões em 2020, com margem de 21%. Para o ano que vem, as projeções são de R$ 2,7 bilhões e margem de 23%. Para ilustrar a confiança da Fitch na resiliência da Simpar, basta lembrar que, em 2019, seu ebitda consolidado foi de R$ 1,9 bilhão, com margem de 20%.