Silvergate pode derrubar o Bitcoin? FTX e LUNA já calejaram o mercado, segundo analista
O Silvergate, um dos maiores bancos que servem como meio de pagamentos e intermediário para empresas e corretoras do setor de criptomoedas, está em apuros e, em teoria, pode afetar o Bitcoin.
A Coinbase (COIN) anunciou nesta quinta-feira (2) que irá cortar seus laços com o banco e não o utilizará mais como meio de pagamento aos usuários. O motivo que levou ao fato foi o Silvergate ter adiado nesta quarta-feira (1º) a divulgação de seus resultados do quarto trimestre de 2022.
Em pedido de adiamento da apresentação de seus resultados à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), ou arquivamento regulatório, o Silvergate disse que perderia o prazo de 16 de março por causa de perdas ainda maiores que estariam por vir.
Como o banco é um dos principais intermediários do setor de criptomoedas, a notícia deixou investidores assustados. Mas, por incrível que pareça, não abalou as criptomoedas.
Entenda o que está acontecendo com o Silvergate.
Silvergate ameaça o preço do Bitcoin?
O Crypto Times conversou com dois analistas par entender melhor o cenário.
Para Vinicius Bazan, analista-chefe de criptoativos da Empiricus, o Silvergate não ameaça o preço do Bitcoin. Porém, o mercado não deixa de estar bem atento ao desenrolar dos fatos.
“Depois da FTX, todas as empresas de on-ramp, of-ramp e banco [facilitação de pagamentos entre criptomoedas e dinheiro fiduciário] ficaram sob o olhar do mercado”, afirma.
A questão para Bazan é que pode haver falta de clareza da extensão de prejuízos que a situação do Silvergate pode causar ao mercado cripto.
“Não é de hoje que o Silvergate deixou claro para o mercado que não está bem. Já vinha com resultados negativos nos últimos trimestres, e o fato de ele atrasar os resultados mostra que pode estar insolvente”, diz.
A pergunta que não quer calar: Qual é o tamanho do rombo do banco? Esse rombo realmente existe?
“Existem stablecoins que se relacionam diretamente com Silvergate. Isso é crucial para entender o tamanho do rombo. A pergunta é se existe o rombo, qual o tamanho e se é possível cobrir ele ou não”, explica Bazan.
Bazan também comenta que acredita no risco de falência.
“[Nesse caso,] é preciso ver quem está mais exposto. Por exemplo, a GUSD [stablecoin] da Gemini tem uma relação grande com banco”, diz.
Pelo fato de ser uma empresa listada, o primeiro impacto chega para o cenário de negociação dos papéis.
“Existe o risco de ser um evento de grande impacto. Não acho que será uma ‘nova FTX’, até porque é uma situação bem mais às claras. Mas me pergunto se realmente vai ter um grande impacto nas criptomoedas”, afirma o analista.
Ele lembra da falência de Gemini, que fez com que muitos acreditassem ser uma “nova FTX”, mas não teve um impacto muito severo nos preços.
“Pensado em narrativas, acredito que DeFi se fortalece mais uma vez, e existe um risco em algumas stablecoins”, comenta.
Em caso de dúvida, o analista recomenda o saque de corretoras para evitar uma possível crise de liquidez, bem como uma menor exposição em stablecoins muito grandes, que possuem fortes relações com grandes bancos. A TUSD, que Bazan recomenda, é bem dividida entre bancos menores.
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Mercado calejado
O mercado está bem calejado depois de 2022, diz André Franco, analista-chefe do Mercado Bitcoin. Para ele, depois de eventos como FTX e Terra (LUNA), não é “qualquer” notícia que pode derrubar os preços.
“Dado o que aconteceu em 2022 com Luna e FTX, esse é o menor dos problemas. O Silvergate faz integração com várias corretoras, mas todas em solo americano. Olhando para o volume negociado fora dos EUA, ainda é bastante relevante”, explica.
O cenário de falência do Silvergate ameaça mais os mercados tradicionais do que o de criptomoedas, afirma Franco.
“Além disso, o dinheiro que fica dentro do banco é do cliente de fato; por ser regulado, é benéfico ao mercado de criptomoedas. Mas a não existência do Silvergate, ou a quebra dele, não afeta necessariamente o mercado cripto”, explica.