Silêncio de Bolsonaro após derrota deixa Brasil em suspense
Quase 20 horas após sua derrota no segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro ainda não havia sido visto ou ouvido, com os eleitores sem saber se ele admitirá a derrota ao adversário Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro não fez nenhum comentário público no domingo à noite depois que o TSE declarou que ele havia perdido a eleição para Lula por menos de dois pontos percentuais, a menor margem em uma eleição presidencial na história moderna do país.
Segundo relatos da mídia, o presidente foi dormir depois das 22h e na manhã desta segunda-feira o comboio presidencial deixou a residência oficial rumo ao Palácio do Planalto.
Cresce a especulação na capital sobre os próximos passos do presidente e as redes de televisão colocaram câmeras em diferentes prédios do governo caso Bolsonaro decida quebrar o silêncio.
O presidente se reuniu nas últimas horas com seu chefe de gabinete, Ciro Nogueira, e alguns outros ministros e conselheiros, bem como seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro.
Embora sua decisão de não reconhecer imediatamente o resultado não seja uma surpresa completa, dado seu longo histórico de ataques ao sistema eleitoral brasileiro, dificilmente é um sinal de que o quadro institucional do país está prestes a ser descarrilado.
Os chefes do Senado e da Câmara rapidamente reconheceram o resultado da eleição na noite de domingo, juntamente com juízes do Supremo e alguns dos aliados mais próximos de Bolsonaro.
“Ele vai continuar trabalhando normalmente até o final de seu mandato”, disse Tarcísio de Freitas, ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro que foi eleito governador de São Paulo.
No entanto, o silêncio do presidente pode prejudicar o processo de transição. Por lei, o governo do Brasil precisa organizar um processo formal de transferência logo após a votação, com o presidente eleito autorizado a nomear 50 pessoas para se encontrar com autoridades e trocar informações de governo.
O governo que está de saída normalmente coordena com a equipe do próximo presidente durante os dois meses seguintes para que haja uma transição suave quando o novo governo assumir em 1º de janeiro.
Se Bolsonaro decidir não aceitar os resultados, interromperia “o processo tradicional de transição de governo que começa logo após a eleição”, disse o analista político Thomas Traumann em nota. “Bolsonaro vai usar os próximos dois meses para prejudicar o governo Lula desde o início.”
Enquanto isso, os ativos brasileiros ignoraram em grande parte as preocupações iniciais, com as ações de empresas que devem se beneficiar da presidência de Lula subindo na segunda-feira após a eleição, enquanto o real reverteu as perdas anteriores para registrar o maior ganho entre as principais moedas do mundo.
Caminhoneiros pró-Bolsonaro bloquearam algumas rodovias em cerca de uma dúzia de estados em protesto pela vitória de Lula nas eleições, segundo a mídia.
Embora uma estratégia para tentar desacreditar a eleição “provavelmente não produza um resultado favorável a Bolsonaro, isso pode ser uma tática para manter sua base mobilizada para se opor ao governo Lula”, escreveram analistas do Eurasia Group em relatório.
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