Sidnei Nehme: “Sem lenço e sem documento”, o cobertor do governo está curtíssimo
O cobertor financeiro do governo federal está curtíssimo e não está fácil encontrar a saída deste “corner”, pois se atender uma demanda maior deve reduzir demandas menores, mas ainda assim é difícil de num país com tantas carências definir o que seja menor, e, desta forma o Ministro da Economia submete ideias pirotécnicas tributárias à massa crítica, quase que diariamente.
Já foram tantas e na realidade nenhuma ganha apoio político ou popular, restando tão somente a forte evidência de que há absoluta necessidade de continuidade de programas assistenciais por parte do governo, caso contrário o numero de miseráveis crescerá muito no país dentro do exuberante número de integrantes da população já existente de baixa renda.
A rigor, cada dia mais fica evidente o quão importante foi e é imprescindível que tenha meios de continuidade programas assistencial governamental, ainda que reduzidos, para assegurar algum nível de atividade econômica do país.
Na medida em que o fluxo de recursos generosos do governo sofrem redução efetiva ou em perspectiva as reações de consumo repercutem o recuo de desempenho e a economia começa a dar transparência à efetiva força motriz que a tem dinamizado.
Há sinalizações de queda de consumo e de otimismo por parte do setor varejista, em especial, que deverá repercutir em cadeia posteriormente no setor atacadista e assim, inevitavelmente, na indústria.
Há fatores que adicionalmente corroem a capacidade de consumo de forma indireta, a inflação da cadeia de produtos alimentares e os reajustes tarifários consequentes do expressivo IGP-M, afora a dificuldade de recuperação do emprego.
Há muitas dúvidas presentes, o mercado financeiro reage dando sinais de incertezas e inseguranças em relação às perspectivas e exige mais juro do governo para rolar da expressiva Dívida Pública do país, começam a aflorar críticas à política monetária e, consequentemente, cambial do governo, e tudo deságua na preocupante situação fiscal do Brasil.
Ontem foi um dia pródigo em indicadores brasileiros e externos de que o desafio para a retomada vai muito além dos justos anseios, exigirá muito mais.
O Ministro Guedes afirma que o país está “bem visto no exterior”, e a rigor, não há fatores afora seus problemas intestinos que o levem a desconsideração, podendo até ser salientado que o seu CDS poderia ser menor, visto que é credor líquido em moeda estrangeira.
O país está atrapalhado com suas próprias atrapalhadas e nada mais, e se a pandemia o prejudicou, assim como toda a economia global, há outros inúmeros fatores que foram vitimados pela inércia de gestão, falta de articulação política, politicagens e propagação de confrontos.
A estratégia do “câmbio alto e juro baixo”, que não é no todo uma má estratégia, provou que em dose excessiva remédio vira veneno, e que fica cada vez pior na medida em que não é corrigido no tempo certo, parecendo que esta questão ficou à larga e absolutamente solta sem ações efetivas e eficazes corretivas por parte do governo, mas limitadas a serem contemporizadas.
O juro está pressionado, ainda que o BC/TN encurte prazos dos títulos, e o câmbio está sob tensão, pronto para ser recorrido como porto seguro se a situação fiscal se agravar.
Desta forma, ficamos num ambiente que sugere quase que cotidianamente “mais do mesmo”, B3 com este ou aquele destaque pontual diário gravitando em torno de 100 mil pontos e sem motivos para deslanchar e o dólar agora num patamar pronto para um disparo maior no entorno de R$ 5,60.
Um dia a justificativa é “aversão ao risco” outro “adesão ao risco”, mas no fundo o comportamento é tensional e tendente a defensivo, não há tendências fundamentadas, visto que há predominância de insegurança e incerteza.