Mercados

Sidnei Nehme: Para o mercado, a eleição está resolvida. E agora?

17 out 2018, 9:02 - atualizado em 17 out 2018, 9:02

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

O mercado financeiro desenvolve suas atividades com a firme convicção de que o pleito presidencial está resolvido, não havendo dúvidas quanto a este fato.

Mas esta, embora relevante, é só uma parte da grande equação Brasil que está carente de formas e meios críveis para solução de seus desafios e relevantes problemas que tem uma ampla diversidade de vetores, e, urge por ações e providências contundentes e imediatas.

Então, na medida em que há otimismo, há também precaução, visto que são desconhecidas as linhas programáticas do novo governo que darão suporte direcional a gestão focando o reordenamento da dinâmica do país no seu alinhamento para a retomada da atividade econômica e recuperação de todos os problemas dependentes do sucesso nesta empreitada.

Não é um desafio normal, é bastante atípico e grandioso e que requererá determinação, acerto e empenho absoluto.

Por isso, é absolutamente necessário que haja otimismo, mas no primeiro momento sem euforia, pois é necessário que sejam observadas as estratégias e suas exequibilidades.

Em razão desta visão com cautela é que não entendemos que já seja o momento de termos o preço da moeda americana fora da zona de conforto entre R$ 3,70 a R$ 3,80, até porque ainda existem posicionamentos comprados e vendidos remanescentes de grande monta a serem ajustados no mercado futuro, e mais, não haver base ainda para mitigar riscos presentes que estão inclusos na precificação nesta faixa de preço.

O olhar externo vem melhorando, a queda do CDS Brasil sinaliza este fato, deixando evidente que não há tantos temores quanto ao propagado sobre o Brasil e as suas questões eleitorais e candidatos.

Por outro lado, entendemos que para o grande arranque da valorização da B3 que o mercado almeja ainda é preciso se conhecer qual o menu de medidas de impacto do novo governo para levar a economia à retomada da sua atividade e produtividade, restabelecendo o vigor perdido para geração de emprego, renda e consumo restaurando a capacidade arrecadatória do Estado, e tornando oportuno os investimentos.

Afinal, embora a B3 esteja com preços em dólares de 10 anos atrás, as perspectivas para o mercado acionário emanam das boas perspectivas que sejam criadas pela atividade econômica.

Por maior que seja o anseio que possa estar presente é relevante que se considere que será necessário tempo para recolocar nos trilhos a economia do país que foi forte e negativamente afetada nos últimos 4 ou 5 anos.

Será extremamente imperioso que se construam as perspectivas que ensejem a recuperação do país, com a consciência de que há uma relevante crise fiscal que precisa ser equacionada, sem o que não haverá condições do governo investir, e ao mesmo tempo, estimular o investimento produtivo nacional e atrair investimentos externos.

O mundo está mais competitivo nos investimentos estrangeiros, as medidas americanas de natureza tributária causam enorme impacto nas decisões globais, e o Brasil neste momento está em desvantagem seja pela atratividade consubstanciada em seu “status quo”, seja pela questão tributária em desvantagem com a americana revista.

Importante que a taxa de juro permaneça baixa no país, que da mesma forma a inflação continue sob absoluto controle, pois são fatores relevantes para a retomada da atividade econômica, devendo ser evitada precipitações, pois haverá o momento certo para o dólar retroagir seu preço de forma sustentável e a B3 retomar fortemente sua dinâmica de valorização das ações, mas tudo ao seu tempo.

Acreditamos que não se possa almejar no curto prazo mais do que se presencia no momento, sendo necessário aguardar-se pelas novas diretrizes governamentais, que, espera-se, sejam de renovação/depuração ensejando novas perspectivas.

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