Opinião

Sidnei Nehme: O retorno gradual do dólar ao correto ponto da curva

19 mar 2019, 19:52 - atualizado em 24 mar 2019, 22:20

“O mercado de câmbio brasileiro passa por momentos especulativos a partir do mercado futuro de dólar” (Pixabay)

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

Mais uma vez fica evidenciada a tentativa incoerente de submeter o preço do real, nossa moeda, a um processo de depreciação frente ao dólar, quando inexistem fundamentos sustentáveis, e a “orquestração” neste sentido ocorre baseado em visão distorcida oriunda de um ambiente que mixa coisas sérias com coisas funestas, e que acabam por permitir ilações absolutamente improcedentes.

Dizemos mais uma vez visto que é fato recorrente de tentativa e insucesso já visto neste ano, que procura valorizar pontos de dúvidas e incertezas e desconsiderar fatos concretos que asseguram que o país não tem problemas na área cambial, aliás, muito sólida ancorada por inúmeras evidências.

Desta forma, o mercado de câmbio brasileiro passa por momentos especulativos a partir do mercado futuro de dólar, onde investidores, em especial estrangeiros, ainda continuam acreditando que a forma mais rápida de tripudiar sobre as eventuais dificuldades que o governo enfrenta para levar adiante seus bons propósitos é aviltar o preço da moeda americana, e, deixam de considerar que os tempos são outros, embora a crise fiscal com que se defronta o país seja dantesca e imobilizante de sua atividade econômica.

O Brasil tem problemas, mas estes não passam pela sua situação cambial, mas por situações pontuais conjunturais que inibem e retraem a sua capacidade de reagir à inércia da sua situação fazendária, carência de recursos e excessivo déficit fiscal.

Mas, o novo governo não está inerte, está agindo e acionando medidas focando a superação para assumir postura desenvolvimentista, e não se pode afirma que não esteja agindo proficuamente neste sentido, embora se reconheça que seja carente de melhor coordenação de ação política.

Evidentemente, há uma grande corrente que “torce contra” inexplicavelmente e de forma acintosa e isto ao ter forte propulsão pelos meios de comunicação tornam-se perturbadores e dá origem a formação de ideias e perspectivas erráticas, que assim se prestam a criar desalento.

Os sinais mais recentes intensificam o otimismo, agora com maior sensatez como deve ser, mas já há menor espaço para a construção de cenários prospectivos negativos e assim diminuem em muito os espaços para movimentos especulativos, em especial sobre o preço do dólar que é sempre priorizado para ser o termômetro dos problemas, mesmo quando eles não existam na forma propagada.

Nosso sentimento e percepção indicam que ocorre, novamente, o esvaziamento da intentada especulação sobre a formação do preço da moeda americana no nosso mercado, que nos parece célere na retomada do preço entre R$ 3,70 a R$ 3,75, onde deve permanecer ao longo dos debates e embates relativos à Reforma da Previdência, que prevemos se estenda até maio próximo.

Ao longo deste período não mantemos expectativa de que os fluxos de investimentos estrangeiros, quer na conta capital quer no mercado financeiro, ganhem volume, embora possam até melhorar se os sinais que começarem a ser emitidos forem efetivamente positivos, mas de forma mais criteriosa e previdente.

É imperativo que o Brasil acentue o foco sobre a recuperação do Brasil e não perca tempo por criar factoides desacreditadores da recuperação efetiva da atividade econômica do país.

Mais foco interno e menos externo, onde questões entre China-USA, Brexit, União Europeia e perspectivas da economia americana tendem no mesmo período a ganhar alinhamento e ordenamento.

O mundo global passa por um processo de indefinições quanto ao seu crescimento e volume de negócios, e o Brasil tem seus problemas pontuais que como prioridade prevalecem sobre todos os demais, que contudo, devem ser observados, mas com a devida ponderação na ordem de impactos em nosso país.

Não temos dúvidas que o preço da moeda americana retornará ao seu ponto de equilibro, entre R$ 3,70 a R$ 3,75, num ambiente de queda de projeção do crescimento do PIB por inevitável face ao tempo que será despendido com as discussões no entorno da Reforma da Previdência, e, inegavelmente, não se pode descartar que a taxa SELIC, contrariando as expectativas, venha a ser reduzida face a inércia da atividade econômica no período.

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