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Sidnei Nehme: Mercado sinaliza maturidade, embora mudanças abruptas legais sejam impertinentes

12 nov 2019, 9:30 - atualizado em 12 nov 2019, 11:22
B3
Colunista analisa cenário em que soltura de Lula impacta investimentos estrangeiros à B3 (Imagem: Alberto Ruy/MInfra)

A insegurança jurídica é preocupante, em especial para os investidores estrangeiros, e macula a credibilidade e confiança no país já que a sustentabilidade de regras e princípios jurídicos deve transmitir segurança e convicção em relação às leis vigorantes.

Posturas mutantes e no curto prazo ante temas relevantes evidentemente conspiram contra os interesses do país, e na essência nada tem a ver com o fato em si da soltura do ex-Presidente para responder seus processos em liberdade, mas é negativo quando se observa o alcance nefasto da decisão gerando insegurança e desconfiança sobre os preceitos legais vigentes no país.

Isto afeta o mercado de ações porque pode influenciar negativamente a retomada de fluxos de investimentos estrangeiros para a B3 (B3SA3), e também, inquestionavelmente, pode retardar as decisões de investidores em conta capital.

Por outro lado, esta percepção agregada ao insucesso dos leilões do pré-sal que frustrou a expectativa de fluxos cambiais intensos para o país, conduzem o preço do dólar a apreciação frente ao real.

Todavia, o que se percebeu, a despeito da queda da Bovespa e da alta do preço do dólar, é que são reações mais emocionais do que racionais, e o mercado tem evidenciado maturidade buscando recompor sua normalidade, o que deixa a forte convicção de que as deformações momentâneas serão corrigidas no curto prazo.

A expectativa é que o mercado continue neutralizando os efeitos oriundos da área política e jurídica e restabeleça o otimismo a partir das perspectivas emanadas da área econômica.

O preço da moeda afasta a possibilidade de recuar a abaixo de R$ 4,00 como era esperado (Imagem: Reuters/Bruno Domingos)

Entendemos que será questão curto espaço de tempo, voltando tudo à normalidade após o pequeno hiato motivado pelo insucesso dos leilões e fatos impactando como insegurança jurídica, porém com menores expectativas de fluxos cambiais para o país o preço da moeda afasta a possibilidade de recuar a abaixo de R$ 4,00 como era esperado, encontrando, portanto, em R$ 4,00 o piso de sustentação.

Os fluxos de recursos para a Bovespa oriundos do exterior devem sofrer retardamento um pouco maior, certamente com os investidores aguardando sinais mais concretos de recuperação da atividade econômica, razão pela qual a volatilidade deve ser o perfil de comportamento até o final do ano, pelo menos.

Na questão política devem aumentar os “ruídos”, mas o quadro efetivo não mudou o contexto complexo e nem o fato do ex-Presidente responder seus processos em liberdade devem proporcionar “fatos novos”.

O Boletim Focus manteve em sua edição do dia 8 quase estável suas projeções, mas não se espera que venha a ocorrer alguma mudança expressiva nas próximas semanas, embora seja perceptível que há neste momento muitas divergências em relação a visão prospectiva que o governo deva dar à Selic, após o próximo corte de 0,50%.

O importante é que o governo dê sequência e articule bem a tramitação das novas reformas no Congresso, para que as perspectivas de um ano de 2020 melhor do que 2019.

O embate sino-americano deve continuar gerando expectativas e não ter ações conclusivas, fato que ao que tudo indica já está assimilado pelos mercados.

Gradualmente e em curto espaço de tempo o preço da moeda americana deve reaproximar-se do preço de R$ 4,00, não temos a percepção de que possa ter havido mudança de patamar com os fatos recentes que, no nosso modo de entender, inibiram tão somente a possibilidade de uma apreciação maior do real até o final do ano.