Mercados

Sidnei Nehme: Maturidade do mercado será posta à prova

22 out 2018, 11:26 - atualizado em 22 out 2018, 11:26

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

Nesta última semana que antecede ao pleito eleitoral para Presidente em seu 2º turno espera-se forte acirramento na disputa conduzindo-a ao nível mais baixo, com a criação de incontáveis factoides e fake news, e com práticas extremamente deploráveis cotidianamente, mas o mercado financeiro precisa demonstrar maturidade para não se deixar envolver nos burburinhos.

O clima predominante é o de “procura-se razões e motivos” para justificar a derrocada da “blue ship” de antigamente, e isto sinaliza que todas as práticas nefastas e impróprias serão massificadas para induzir a formação opinativa da população.

Mas o mercado financeiro deve se colocar acima deste ambiente rasteiro e se posicionar num patamar mais elevado, mais consciente sobre a realidade presente e suas tendências e prognósticos.

Desta forma, entendemos que o curso dos negócios em seus vários segmentos terá percurso insensível a todos os ruídos que forem propagados, evidenciando maturidade e sensatez.

No mercado de câmbio o preço da moeda americana tende a manter-se no intervalo de R$ 3,70 a R$ 3,80, repercutindo movimento predominantemente decorrente do embate entre comprados e vendidos no mercado futuro de dólar. Comprados buscam reverter suas posições antes que sejam submetidos a prejuízos maiores em suas apostas, mas estrategicamente quando o preço do dólar se deprime muito compram mais com o intuito de melhor o preço médio do estoque e atenuar as perdas, enquanto vendidos forçam a queda do preço para que realizem a cobertura de suas posições.

Não há sinais de que ocorra fuga de capitais do país o que significa que não há pressão de demanda no mercado à vista.

Continuamos com o ponto de vista que ainda é prematuro se considerar preço do dólar abaixo de R$ 3,70 como sustentável, visto que toda a gama de desafios presentes na economia brasileira como um todo, com ênfase ao equacionamento da crise fiscal, representam um prêmio considerável na formação do preço da moeda americana no nosso mercado, que somente poderá ou não ser readequado com o conhecimento efetivo da linha de programas do novo governo.

Importante destacar mais uma vez que o país, a despeito de sua situação crítica na atividade econômica, desemprego, queda de renda e consumo, etc, tem uma situação sólida de contas externas, reservas cambiais e estratégias operacionais por parte do BC, o que o caracteriza como um emergente diferenciado no setor externo.

A B3 está com seus preços em dólares em nível de 10 anos atrás, mas para que consolide as projeções que vem sendo propagadas em perspectiva precisa que haja convincente programa de recuperação da atividade econômica brasileira, sem o que perde consistência e sustentabilidade qualquer movimento antecipado.

Contudo, o momento atual justifica um preço entre 85.000 à 90.000 pontos.

O Boletim FOCUS divulgado hoje sinaliza redução da projeção do preço do dólar para R$ 3,75, que é adequada para o final do ano e bastante consistente, porém eleva a projeção para o IPCA a 4,44%, o que nos parece não considerar os efeitos benéficos da retração do preço do dólar.

Enfim, a semana deve ser bastante tumultuada, com grande alarde ideológico e sectarismos, mas o mercado financeiro brasileiro, que já atravessou momentos bastantes críticos, deve revelar maturidade e serenidade.

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