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Sidnei Nehme: lá fora está tranquilo, fluxo cambial retomando; e o otimismo se foi?

16 jan 2020, 7:13 - atualizado em 16 jan 2020, 7:16
Dólar Moedas
Para colunista, agora há sinalização marcante negativa a partir do mercado de dólar, atingindo o Bovespa (Imagem: Unsplash/@sharonmccutcheon)

Estranho e contraditório é o mínimo que se pode falar do “status quo” presente neste momento no mercado financeiro do Brasil, com sinalizações de reversão do otimismo fortemente consistente após a primeira semana do ano, e que fora fundado anteriormente em perspectivas absolutamente factíveis.

Mas agora tem sinalização marcante negativa a partir do mercado de dólar com a moeda americana em forte alta e que acabou por fazer-se notório em todo mercado financeiro, atingindo também a Bovespa.

E o Banco Central mantendo a ausência no mercado de câmbio com os seus leilões, e acentuando o contraditório ganhando maior destaque tendo em vista que o fluxo cambial, após longo período, revelou-se finalmente favorável ao Brasil no seu desempenho até o dia 10, pontuando saldo positivo de US$ 1,110 bilhão.

Por outro lado, há informes oriundos do mercado acionário sinalizando forte saída de estrangeiros da Bovespa no período até o dia 10, quando se aguardava ansiosamente o reinicio do fluxo positivo dos investidores externos.

Ibovespa Mercados
Há informes oriundos do mercado acionário sinalizando forte saída de estrangeiros da Bovespa no período até o dia 10 (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Pode ser que o fluxo cambial de 13 em diante evidencie reversão do fluxo a negativo e justifique eventual pressão sobre a formação do preço do dólar, é uma hipótese, mas mesmo assim fica o questionamento sobre as razões que determinam a ausência do BC.

pontualmente com leilões objetivos de venda de dólares para liquidez ao mercado de câmbio, simples assim, sem conjugá-los com leilão de swaps cambiais reversos, o que acaba por dar sustentabilidade ao preço que já está aviltado, ou como se diz, com disfuncionalidade.

Não se pode descartar a hipótese de que o “susto” da inflação de dezembro, atribuída ao preço da carne, mas sabidamente não somente a isto, tenha impactado negativamente sobre as perspectivas amplamente favoráveis e que tenha levado à reflexão de que incertezas novas poderão surgir ofuscando a visão prospectiva favorável.

Carnes
Não se pode descartar a hipótese de que o “susto” da inflação de dezembro, atribuída ao preço da carne (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

Mas, certamente há uma gama de hipóteses, contudo nenhuma contempla com razoabilidade a ausência do BC do mercado de câmbio quando a expressiva alta se constituiu num “chamamento urgente” da autoridade pelo mercado para pôr ordem na casa, mesmo que a origem seja a especulação.

“Juro baixo dólar alto”, como asseverou o Ministro Guedes, é enfático para discursos de oportunidade, mas quando se convive com a realidade se torna absolutamente preocupante quando ocorre em concomitância com o aquecimento inflacionário.

A expansão do sentimento inflacionário impacta rapidamente nos preços relativos da economia, e este fato pode causar reversões que não teriam solução sem que se renunciasse a parte dos avanços alcançados.

Então, podem voltar às incertezas e isto provoca recuo de investidores, posturas defensivas e incremento da especulação.

Seria este o quadro?

Como já destacamos em comentário recente, a distância entre o otimismo e o pessimismo é muito mais curta do que se imagina, ainda mais quando o momento ainda é de transição ancorada mais nas perspectivas do que em fatos materializados.

Quando não há fundamentos críveis para determinados movimentos, até então atípicos face às perspectivas, o cenário se torna preocupante!

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