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Sidnei Nehme: Foco centrado na reforma e objetividade são fatores fundamentais

08 maio 2019, 16:06 - atualizado em 08 maio 2019, 16:06

Sidnei Nehme é Economista e Diretor-Executivo da NGO Associados Corretora de Câmbio

O “status quo” do Brasil é frustrante e as perspectivas perduram “binárias”, havendo mesmo um desalento crescente quanto à possibilidade de superação, e, as causas efetivas estão totalmente centradas nas questões política brasileiras de cujas decisões estão totalmente dependentes quaisquer iniciativas de governo na área econômica, com consequente ação sequente do setor privado.

Se a Reforma não andar positivamente, certamente tudo ficará pior.

O desalento é preocupante, lembremos a Lei de Murphy “Se algo pode dar errado, dará”, pois ao se tornar crescente passa a “contaminar” cada vez mais o ambiente e as tendências negativas propagadas. E, convenhamos, já está exaustiva a capacidade oitiva destes debates.

Embora se procure “debitar” parte de nossos problemas, como escape, ao setor externo, atribuindo importância maior do que efetivamente tem neste momento a crise sino-americana para o Brasil ou ao fato do FED americano manter a taxa de juro básica num ambiente de economia “bombando” e gerando empregos, que pode inibir fluxo de recursos para o nosso país, em especial para a Bovespa, está absolutamente evidente que as causas estão aqui e nossos problemas são os determinantes deste estado presente.

A questão sino-americana segue com desdobramentos contínuos e mutantes e quando os litigantes divergem a tendência é que, mesmo por curto período, pode favorecer nossas exportações, mas nada muito além disto visto que o reflexo maior é no comércio global e seu volume, e ambos são nossos parceiros e concorrentes, e, a primeira vista, é bem provável que quanto mais afinem suas divergências mais temos a perder em vários itens de nossas exportações.

O fluxo de investimentos estrangeiros produtivos para conta capital no país está estagnado aguardando definições sobre a Reforma da Previdência e a possibilidade do país retomar dinâmica pró-desenvolvimento, e, por outro lado, a BOVESPA também atrai baixíssimo volume de recursos porque carente dos resultados da economia do país e da performance de suas empresas, restando tão somente as exportadoras que sofrem influência do comércio externo.

É importante que ainda não haja sinais de fuga de capitais estrangeiros do país.

O fato concreto é que o Brasil é fundamentalmente “vítima” de si próprio, estando à mercê das decisões políticas em torno de novas diretrizes fundamentais para realinhá-lo após anos de desmandos de gestão, e dentre as quais a principal é a Reforma da Previdência, imperativa para atenuar a crise fiscal, sem o que o governo não tem e não terá capacidade para investimentos e seguirá impondo cortes e mais cortes orçamentários, e, adversamente, sendo pressionados pelos políticos por verbas adicionais sem que possa responder positivamente.

Se não ocorrer a intensificação do foco objetivo na aprovação da Reforma da Previdência, como fator inicial, o país não terá como sair “desta areia movediça” em que está instalado, e não terá condições de reversão, muito pelo contrário.

Num ambiente como o presente no Brasil, não é preciso observar o que ocorre no ambiente externo, pois o conteúdo interno é suficiente para justificar todo o imbróglio e desarranjo presente, convertendo-o a ser efetivamente “uma ilha”, e fazê-lo alvo de movimentos especulativos inconsequentes como assistimos no preço do dólar, já que o país tem no setor cambial provavelmente a sua quase única solidez, e a observar a derrocada da Bovespa pela falta de perspectivas de retomada da atividade econômica de imediato e a ausência de investidores estrangeiros e, até mesmo, recuo de investidores nacionais.

As perspectivas de momento fortalecem-se como binárias, e o ambiente é muito conturbado suscitando cautela e precaução, por isso entendemos preocupante o avanço do desalento.

O ambiente de momento supera o pior cenário que se poderia projetar para o embate político, visto que ao que se percebe, o embate se dá com opositores, meio aliados e entre os próprios pares do governo, o que é neutralizante aos avanços e, certamente, preocupante quando se focam as perspectivas.

O ambiente econômico está plenamente subjugado e dependente o setor politico!!

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