Opinião

Sidnei Nehme: EUA-China avança, mas Brasil precisa além disto para sustentar tendências

13 fev 2019, 13:06 - atualizado em 13 fev 2019, 13:06

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

O contexto prospectivo para o Brasil ainda é no momento binário.

Em razão disto as tendências não se revelam sustentáveis, ocorre sistêmica volatilidade, idas e vindas, embora predomine um ambiente de otimismo ancorado na crença da melhor hipótese.

Isto naturalmente, já ocorreu, pela ansiedade promove movimentos especulativos ao propagar a melhor perspectiva e estimular altas na Bovespa e queda no dólar, que, contudo, face ao risco de ocorrência de excessos, acabam por serem revertidos e posteriormente retomados.

Neste ambiente de insegurança os agentes procuram estímulo a um ou outro movimento em fatores considerados relevantes no cenário global, como as questões comerciais entre Estados Unidos e China, Brexit, crise italiana, etc, etc… mas, que se considerados a rigor pouco tem a ver neste momento com os problemas centrais do Brasil e que constituem travas de inseguranças e incertezas que inibem a formação de tendências sustentáveis.

O fato concreto é que o Brasil neste momento é observado pelos investidores estrangeiros, que deixam evidente que estão retraídos em relação ao nosso país, acreditando-se que aguardando a efetivação/materialização das reformas fundamentais que deverão ser propostas pelo novo governo e que poderão viabilizar melhora substancial da crise fiscal e “soltar” as amarras para a retomada contundente da atividade econômica.

Não há no momento desde o início do ano fluxo cambial expressivo, muito pelo contrário, que sugira postura diferente dos investidores estrangeiros.

Há muitas “profecias” já que não são previsões ancoradas em fundamentos reais, no sentido de que a B3 poderá alcançar recordes de alta e o dólar sofrerá depreciação acentuada frente ao real.

Por enquanto, anseios ou podemos até afirmar que são “esperanças”.

A economia real continua a mesma, não houve evolução considerável, mas há muitas “intenções” disto ou daquilo, mas o fator motivador ainda está para ser consolidado, sem o que nada acontecerá.

Então, o problema do Brasil está adstrito ao Brasil, pouco tendo a ver neste momento com o cenário externo, que naturalmente poderá potencializar algumas perspectivas brasileiras, mas não que sem antes tenhamos resolvidos os nossos problemas.

A ansiedade criou expectativas imediatas sobre o comportamento da B3 e do preço do dólar, sem sustentabilidade ainda e que se não contida poderá levar os preços dos ativos a níveis incompatíveis com a nossa realidade e tornarem a B3 cara e o dólar com preço fora do ponto.

Esta tensão provoca movimentos animados e de repente ocorre a reflexão sobre a efetiva realidade, então ocorre o vai e vem do comportamento dos preços e indicadores do mercado financeiro e ocorrem movimentos nos mercados futuros, em especial.

Houve no princípio até uma desconsideração em torno das dificuldades que as proposituras das reformas enfrentarão no Congresso e com oposições corporativas e ideológicas, e mais ainda, a perspectiva de tempo para as resoluções.

Nada será tão imediato quanto desejado e vislumbrado de início, então é razoável admitir-se que ainda vão alguns meses para que os investidores estrangeiros passem a focar o Brasil e carear seus recursos para o país, e face ao tempo transcorrido, já não há segurança de que poderá ser nos montantes exuberantes prognosticados.

Então, continuamos acreditando que a B3 vai continuar com volatilidade e encontrando resistências para alcançar os 100 mil pontos e que o preço do dólar continuará no entorno de R$ 3,70 a R$ 3,75, até que surjam efetivos fatores que possam dar suporte sustentável aos movimentos.

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