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Sidnei Nehme: Copom vê atividade com tração, câmbio requer atenção maior

18 dez 2019, 7:20 - atualizado em 18 dez 2019, 7:22
Dólar Câmbio
Colunista vê queda da ociosidade do setor produtivo (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

A ata da mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central evidencia a percepção de que a atividade econômica brasileira ganha tração e que isto provoca a queda da ociosidade do setor produtivo.

E, como consequência pode haver pressão inflacionária, que a rigor não é desejável antes que a recuperação ganhe sustentabilidade, mas, evidentemente, o fato deve intensificar a atenção sobre o comportamento do câmbio.

Até então, o câmbio, embora seja propagador rápido de sua disfuncionalidade nos preços relativos da economia, vinha tendo mitigado seus possíveis efeitos dada a incapacidade de repasse para os preços com a atividade econômica inerte.

Porém, agora urge que seja expurgada esta disfunção, até certo ponto permitida e incentivada pelo BC com sua intervenção no mercado de câmbio com leilões neutros, que dá resistência à disfunção.

Agora urge que seja expurgada esta disfunção, até certo ponto permitida e incentivada pelo BC com sua intervenção no mercado de câmbio com leilões neutros (Imagem: Flickr/Banco Central)

O BC não adotou a suspensão, como seria razoável, dos leilões neutros passando-os a tão somente leilões de moeda à vista.

Contudo, adotou outra estratégia e promoveu ontem e hoje dois leilões de linhas em moeda estrangeira com recompra no montante de US$ 1,25 bilhão cada, certamente por ter, também, a convicção de que os fluxos cambiais positivos estão na iminência de ocorrência para o Brasil.

Como o leilão ocorre às 10 horas e a Ptax é a taxa de referência este fato sustenta discretamente o preço, mas que naturalmente cederá gradualmente.

Com isto é dado ao mercado um impulso a mais para que fortaleça a probabilidade de fechamento do ano com a taxa cambial em R$ 4,00, o que já estava, em conformidade com o nosso ponto de vista, delineado, contrariando a projeção do Focus que a coloca em R$ 4,15.

A reação pró Brasil e a retomada do otimismo estão, por enquanto, alavancadas pela segura perspectiva de que a economia intensificará (Imagem: Unsplash/@phaelnogueira)

Urge que o Brasil tenha a taxa cambial ajustada em linha com o seu “status quo” na questão cambial e que os movimentos mutantes decorram de fatores intrínsecos de influência normais e fundamentados.

O país tem soberbas reservas cambiais que o deixam imune a crises cambiais, estratégias operacionais adequadas e goza de excepcional conceito de risco com um CDS em torno de 97 pontos, portanto não há porquê confundir-se em linha com outros emergentes.

A reação pró Brasil e a retomada do otimismo estão, por enquanto, alavancadas pela segura perspectiva de que a economia intensificará a tração e, naturalmente, haverá a recuperação do todo, gradualmente, e o retorno dos investidores estrangeiros de qualidade, não mais especulativos.

Evidente que o embate sino-americano influencia o comportamento do mercado global e é inevitável que ocorram repercussões no Brasil, mas o momento brasileiro não se limita a este fato, que, por vezes, pode não ser tão favorável no comércio internacional ao sinalizar entendimento entre os conflitantes.

Por isso, não nos parece adequado “atribuir-se tudo com uma única visão que decorra dos sinais emitidos pelo embate sino-americano”, relegando a plano secundário a mudança rápida e amplamente positiva das percepções no em torno do Brasil.

O viés para fechamento do ano em R$ 4,00 perdura sustentável.