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Sidnei Nehme: 2020 prenuncia ano de recuperação econômica para o Brasil

06 jan 2020, 7:15 - atualizado em 06 jan 2020, 7:21
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Para colunista, ninguém pretenderá ser o opositor ao sucesso que se pronuncia para o Brasil (Imagem: Unsplash/@phaelnogueira)

Perspectiva alvissareira como não se tinha faz anos, e são as perspectivas que alinham prematuramente aquilo em que se acredita, e que cria a forte convicção de que é chegada a “hora” da inflexão para a retomada da atividade econômica brasileira, do crescimento, geração de emprego e renda, enfim da retomada do desenvolvimento.

Poderão existir “picuinhas políticas” numa trajetória não tão tranquila para a tramitação das necessárias reformas tributárias e administrativas, mas se fosse fácil já teriam sido concretizadas.

Entretanto, tudo leva a crer que ainda que os percalços esperados não sejam pequenos, desta vez há ambiente para que se acredite que acontecerão por irreversível.

O econômico parece que conseguiu se desvencilhar do político e por sua força propulsora intensa se impor de forma avassaladora a efetivação das reformas, afinal ninguém pretenderá ser o opositor ao sucesso que se pronuncia para o Brasil.

Após 5 anos de estagnação o país sinaliza ter encontrado o ímpeto para a mudança fundamental (Imagem: Unsplash/@judebeck)

O governo precisará manter rigorosa disciplina as políticas de austeridade que consolidam a credibilidade na gestão, e que tem proporcionado resultados amplamente positivos.

O governo deverá, também, articular e insistir na aprovação das PEC´s que enviou ao Congresso, focar a reforma tributária e a administrativa como prioridades, e, agir com maior desenvoltura na implementação do programa das privatizações que deverá exercer forte atratividade ao capital estrangeiro ávido por boas oportunidades de investimento.

Após 5 anos de estagnação o país sinaliza ter encontrado o ímpeto para a mudança fundamental que o colocará na linha de frente e que tornará menor as contestações e as confrontações ideológicas que retardaram massivamente o reencontro do alinhamento do país com o crescimento.

O Brasil que desponta não será mais o “oásis dos especuladores financeiros” atraídos pela excessiva remuneração de capitais externos sem que contribuam para o crescimento.

O Brasil que desponta não será mais o “oásis dos especuladores financeiros” (Imagem: Reuters/Amanda Perobelli

Contudo poderá ser o “oásis para os grandes investidores estrangeiros” em busca de projetos viáveis e factíveis que farão o Brasil grande, atraente, com juro e inflação baixa, e retorno compatível para os investidores nacionais e estrangeiros.

Há no país um sem número de oportunidades de investimentos na infraestrutura, extremamente carente de recursos, que precisam dar um salto qualitativo no país em prol da melhora da qualidade de vida dos seus nacionais, e, gerando emprego, renda e contribuindo para sanar os problemas de equilíbrio fiscal do governo.

O desemprego será um grande desafio, visto que ocorre tão somente por razões conjunturais, mas acentuada e crescente por razões estruturais, o mundo evolui e exige melhor qualificação, quando não há o processo de substituição da mão obra pela automatização, pela robótica, etc…

O fato marcante e que sugere que tudo terá mais intensidade do que já é constatado é que isto tudo ocorre sem que ainda tenha havido o retorno do capital estrangeiro investidor para o país, agora com qualidade, já que o especulativo se retirou de forma consistente e volumosa por perda de atratividade para o ganho fácil.

O mundo global sinaliza que tem um olhar positivo a respeito do Brasil e o CDS abaixo de 100 pontos é um sinal forte (Imagem: Sérgio Souza/Unsplash)

A perspectiva agora é outra, por isso forte e motivadora da formação das tendências antes mesmo que ocorra a materialização dos fluxos positivos de capitais estrangeiros.

O mundo global sinaliza que tem um olhar positivo a respeito do Brasil e o CDS abaixo de 100 pontos é um sinal forte a respeito deste sentimento e a perspectiva para o direcionamento firma para a reconquista do “investment grade”, quem sabe em 2021 ou 2022, tem consistência.

O preço do dólar retornou ao seu parâmetro de normalidade, fato que era absolutamente desacreditado pela maioria dos analistas e até pelo expresso no Boletim Focus.

Nos os fez voz discordante ao longo de boa parte do ano de 2019 quando não perdemos a convicção fundamentada de que o preço deveria ser de R$ 4,00, e que com o retorno do fluxo cambial se materializando tende a criar um viés de baixa consistente neste ano de 2020.

O evento Irã-Estados Unidos, naturalmente estressante, a despeito da gravidade não deverá ter impactos contundentes no Brasil (Imagem: Unsplash/@dahaghin_ma)

Com a sinalização da retomada da atividade econômica, a Bovespa deverá merecer especial atenção dos investidores externos, já que os nacionais têm promovido a sustentabilidade de suas altas, até porque há um relevante deslocamento de recursos dos investimentos de renda fixa, face a queda do juro, para os investimentos de renda variável, e com o agregado do capital externo, ainda não ocorrido, será potencializado o viés de valorização.

Por outro lado, as privatizações deverão representar forte apelo aos investidores estrangeiros, pois representarão excepcionais oportunidades de investimentos rentáveis, num momento em que grande parte da economia global pratica juro zero ou negativo.

O evento Irã-Estados Unidos, naturalmente estressante, a despeito da gravidade não deverá ter impactos contundentes no Brasil, salvo o impacto no preço do petróleo de imediato e as exacerbações naturais decorrentes de posturas defensivas no cenário global, mas é importante destacar que o Brasil tem evoluído ainda sem dependência dos investidores estrangeiros e muito focado em si próprio, o que sugere impactos menores e menos duradouros.

É totalmente recomendável que o Brasil mantenha neutralidade neste embate.

Não há razões para impactos maiores no preço do dólar no nosso mercado, até porque a apreciação recente do real tem se dado num ambiente de fluxo cambial bastante negativo que agora deverá recrudescer pela exaustão e tender a inflexão ancorada nas perspectivas amplamente positivas para o país.

O viés prospectivo do preço do dólar no nosso mercado é de baixa, e não entendemos com improvável um preço de R$ 3,80 ao final de fevereiro, visto que mesmo no em torno de R$ 4,00 ainda perdura disfuncionalidade no preço.

Enfim, 2020 denota prometer entregar mais do que podemos estar esperando.

Por Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO Associados Corretora de Câmbio