Opinião

Sidnei Nehme: No mercado, nem sempre a primeira impressão é a que fica

05 abr 2019, 6:32 - atualizado em 05 abr 2019, 6:32

Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

Nem sempre a primeira impressão é a que prevalece!

Após a rispidez do encontro entre o Ministro Guedes com deputados na CCJ na quarta feira, e os reflexos iniciais induzindo a percepção de poderia estressar o mercado financeiro, ocorreu a sensata observação de que o Ministro foi tão firme quanto poderia ser e que cumpriu bem o seu papel, sendo extremamente didático e convincente em suas explanações.

Então, rapidamente o mercado retomou o alinhamento positivo que já havia sinalizado nos dias anteriores, confirmando que a “temporada” de movimentos meramente especulativos ancorados em prenúncios negativos absolutamente carentes de fundamentos está perdendo forças e os parâmetros, tanto para Bovespa quanto para o dólar, tem viés acentuado de retorno aos seus pontos de equilíbrio para o momento de transição da tramitação da Reforma da Previdência.

Evidentemente, as perspectivas ainda devem ser consideradas binárias, até pelo acentuado desentendimento do conteúdo da Reforma da Previdência, preconizado na quarta feira na CCJ, por parte dos deputados da oposição, mas é inegável que o ambiente enseja otimismo quanto à aprovação, naturalmente com alguns ajustes.

A nova postura do Presidente Bolsonaro, também construindo a distensão com os líderes partidários, certamente criará um novo ambiente em torno dos apoios indispensáveis à relevante matéria.

A despeito dos embates truculentos e desconexos com as minorias opositoras, tudo leva a crer que o clima ficará mais favorável ao diálogo e ao encaminhamento com foco das discussões em torno da tramitação efetiva da proposta de Reforma Tributária.

Como temos salientado, o Brasil está focado no Brasil, portanto dependente de si próprio, havendo pouco peso, no momento, dos fatores externos relativos à economia global.

Enquanto o Brasil não superar os desafios prementes em torno da crise fiscal e criar expectativas e ações efetivas focando a retomada da atividade econômica, conviverá com o seu próprio ambiente interno e suas trepidações, não havendo, como por vezes é contumaz, como atribuir aos fatores externos impactos locais.

Não adianta enaltecer que o mercado americano está positivo ou negativo, que o FED fez ou fará isto ou aquilo ou que o momento é bom para os emergentes, etc…., pois se não há fato concreto como fluxo de ingresso de investimentos estrangeiros no país, como ainda acontece com a notória retração, não há causa motriz para a reação sinérgica do nosso mercado.

Até mesmo nas “commodities” é preciso tomar atenção, visto que a evolução do acordo China/Estados Unidos, nossos parceiros e concorrentes, pode resultar em reflexos negativos a nossa balança comercial.

Desta forma, é natural que sendo retomada a sensatez o preço da moeda americana retorne ao seu parâmetro de normalidade para o momento, preço entre R$ 3,70 a R$ 3,75, e a Bovespa circunde o entorno de 100 mil pontos.

Movimentos oportunos e especulativos que tem sido habitual acabam desmantelando-se em si próprios dada a ausência de fundamentos.

É imperativo que prevaleça acintosamente a sensatez e que haja estabilidade em torno dos preços do dólar, do índice Bovespa e do juro, até que haja uma visão prospectiva consistente em torno dos avanços da Reforma da Previdência.

Certamente neste interregno será conveniente observar muito e agir pouco.

Os aspectos econômicos perderam relevância imediata cedendo espaço para o ambiente político, o que vem inibindo projeções mais convictas, tendo havido o sentimento de um trimestre perdido.

Porém, na medida em que a tramitação da Reforma ganhe impulso, certamente o otimismo deverá retornar a todos os setores da economia.

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