Shoppings brasileiros dão aula de recuperação, mas ações ainda estão no “preço de pandemia”, diz BTG
Os shopping centers brasileiros mostraram resiliência e lideraram o crescimento global de receita de aluguel entre 2019 e 2023, com alta de 4,2% ao ano em dólares, apesar da desvalorização do real. Segundo recente relatório do BTG Pactual sobre o setor global, a boa performance nacional reflete a estratégia de localização, um mix de locatários e uma área bruta locável (ABL) menor.
Para este estudo, foram mapeados 32 shoppings de diferentes regiões, entre elas América Latina, Ásia, Europa e Estados Unidos, disse o banco.
Embora o setor esteja mostrando um desempenho notável nas operações, suas ações continuam em baixa, sendo negociadas a múltiplos historicamente descontados em relação aos seus pares globais. Para o BTG, isso representa uma oportunidade para investidores com visão de longo prazo.
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Maior geração de receita
O destaque desse sólido desempenho dos shoppings brasileiros foi visto na Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGTI11)e Allos (ALOS3), cujos ativos têm mostrado maior capacidade de geração de receita por metro quadrado em comparação com concorrentes privados.
“Embora o momento não seja muito bom (devido às condições macroeconômicas, achamos que o curto prazo pode ser fraco), acreditamos que os investidores de longo prazo poderiam encontrar uma oportunidade interessante de compra agora“, avaliam os analistas que assinam o relatório.
No passado, os shopping centers brasileiros eram negociados com prêmio em relação a outras regiões, reflexo de um ambiente promissor. Segundo o BTG Pactual, isso era impulsionado pela “baixa penetração da área bruta locável (ABL), projetos em desenvolvimento e um PIB em crescimento que sustentava o otimismo dos investidores”. Contudo, o cenário mudou.
Com a deterioração macroeconômica nos últimos anos, o Brasil passou a enfrentar “uma situação fiscal fraca e crescimento econômico lento”, fatores que limitaram o desenvolvimento de novos empreendimentos e resultaram em um crescimento abaixo das expectativas no aluguel real. Esse contexto afastou o mercado de ações do otimismo anterior, embora os fundamentos de qualidade e o potencial de longo prazo do setor ainda se mantenham, disse o banco.
A análise ressalta que o setor de shoppings no Brasil, apesar dos desafios recentes, preserva sua relevância estratégica. O histórico de expansão e a resiliência operacional apontam para oportunidades futuras, especialmente para investidores que consigam navegar pelas atuais incertezas econômicas.
Ainda no estudo, o banco constata que os shoppings no Brasil estão melhor posicionados para enfrentar a concorrência mais forte do e-commerce, que saltou 11 pontos percentuais, saindo de 8,4% para 19,5% de 2019 a 2023.