Varejo

Shopee tropeça em cenário macro e vê Mercado Livre (MELI) longe na América Latina

12 set 2022, 17:39 - atualizado em 13 set 2022, 10:34
Shopee
Shopee tropeça em condições macro adversas e dá competição em países vizinhos com Mercado Livre como perdida (Imagem: REUTERS/Edgar Su)

A Shopee decidiu que não continuará mais as operações locais na Argentina, Chile, Colômbia e México. Para os três últimos países, a varejista informou que manterá um modelo transfronteiriço, enquanto que na Argentina a empresa não fornecerá mais nenhum serviço.

De todos os países onde a Shopee mantinha operação na América Latina apenas o Brasil permaneceu sem arranhões. Segundo posicionamento da Shopee, “as mudanças nos países vizinhos não alteram em nada as operações no Brasil”.

O comentário da representante é condizente com o peso que o mercado brasileiro tem para a receita da varejista. De acordo com o Relatório Setores do E-commerce no Brasil, da agência Conversion, a Shopee abocanha 9.6% da audiência dos 10 maiores sites de e-commerce do Brasil, chegando a um patamar próximo da líder Mercado Livre (MELI), que detém para si 13,7% 

Bater de frente com a gigante argentina, que detém porcentagens dominantes do segmento nos cinco países mencionados, era uma tarefa homérica para a Shopee. Mesmo com uma política agressiva de descontos para compradores e taxas atrativas para revendedores em seu marketplace, a Shopee não dispõe da mesma rede de distribuição, com foco em núcleos de parceiros locais, que conferem capilaridade e responsividade ao e-commerce do Mercado Livre.

Parte da fragilidade das operações da Shopee nos países latinos também passa, invariavelmente, pelas difíceis condições macroeconômicas que o varejo internacional têm enfrentado desde que os gargalos nas cadeias de produção despertaram uma crise inflacionária global.

A ‘dobradinha’ inflação-juros altos é particularmente perversa para as ações do setor de consumo, à medida que corrói o poder de compra dos consumidores finais, comprometendo a demanda.

A questão macro já havia sido evocada pela controladora global da Shopee, a Sea Holdings, no balanço do segundo trimestre, quando a empresa reportou piora geral das métricas; com queda de 21% do Ebitda e redução de $931 milhões no lucro líquido.

As ações da Sea Limited (SE), controladora do Shopee listada na Nasdaq, caíram 66% desde o início do ano, contra 25% de perdas do índice acionário. Durante os dias mais restritos da pandemia, um momento ‘dourado’ para o e-commerce global, o papel da Sea Limited chegou a ser negociado a $365, 80% a mais do que vale hoje.

O ‘all in’ da Shopee no mercado brasileiro

A retirada estratégica da Shopee de quatro dos principais países da América Latina faz a varejista assumir um ‘all in’ na operação brasileira. 

A expansão agressiva do marketplace da Shopee, cuja estratégia culminou em um aumento de 300% de compradores e 290% no número de novos vendedores e marcas somente no Dia do Consumidor em 2022, deve continuar sendo o carro-chefe da gigante asiática nos próximos trimestres. Mas isso não significa que o caminho a frente seja desprovido de desafios. Muito pelo contrário.

Na esteira do balanço negativo da controladora Sea Holdings, e em busca de maior rentabilidade e eficiência, a Shopee anunciou um aumento de 2% na taxa de participação de vendedores brasileiros no marketplace, tanto no plano padrão quanto no plano premium. 

O imperativo de corte de gastos também foi sentido na suspensão de dezenas de vagas dias antes de funcionários contratados assumirem seus postos de trabalho. Um movimento semelhante já havia sido noticiado em outras regiões, como Tailândia, Indonésia e Vietnã.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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