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Shell Brasil se prepara para vender gás no mercado livre a partir de 2022, diz CEO

16 abr 2021, 13:25 - atualizado em 16 abr 2021, 13:25
Gás
O Brasil sancionou a nova Lei do Gás, que muda o marco regulatório do setor, em busca de atrair novos investidores  (Imagem: Reuters/Pilar Olivares)

A Shell (RDSA34), principal parceira da Petrobras (PETR3; PETR4) entre os maiores produtores campos do pré-sal, está se preparando para começar a vender gás no mercado livre no Brasil a partir de janeiro de 2022, afirmou nesta sexta-feira o presidente da companhia no país, André Araujo.

O movimento ocorre diante de promessa feita pela petroleira estatal ao órgão antitruste Cade de que deixaria de comprar gás natural de parceiros e terceiros, em um passo visto como importante para o desenvolvimento do mercado e o surgimento de novos agentes.

Mas uma atuação mais expressiva de novos investidores em um setor historicamente dominado pela estatal ainda demanda uma série de ações da reguladora ANP e até mesmo da Petrobras, inclusive para garantir o acesso a infraestruturas de gás natural necessárias.

“A companhia está se preparando para lidar com o consumidor a partir do ano que vem”, disse Araujo, durante coletiva de imprensa para atualizar sobre a atuação da empresa no país.

O executivo ponderou, no entanto, que questões pendentes precisam ser “endereçadas”, sem entrar em detalhes.

O Brasil sancionou neste mês a chamada nova Lei do Gás, que muda o marco regulatório do setor, em busca de atrair novos investidores além da Petrobras.

Nesse cenário, a Petrobras publicou nesta sexta-feira o edital do segundo processo licitatório para arrendamento do Terminal de Regaseificação de GNL da Bahia (TR-BA) e instalações associadas.

Araújo afirmou que a empresa tem interesse em avaliar.

Exploração de Petróleo

Araújo também reiterou seu interesse em avaliar participação em novas rodadas de blocos de óleo e gás no Brasil.

“Vamos olhar projetos em qualquer regime, temos preferência por concessão”, disse o executivo, ao pontuar que o governo tem tido interesse em ouvir as empresas sobre quais as medidas podem ser tomadas para aumentar a competitividade do país.

“É extremamente importante que o país continue competitivo”, disse o executivo.

Do lado exploratório, Araújo afirmou que a empresa está com uma sonda que deverá realizar perfuração no bloco C-M-791, no segundo semestre do ano.

Ele também pontuou que não há uma decisão sobre se serão perfurados novos poços em Saturno, área em regime de partilha no pré-sal da Bacia de Santos, mas que ainda é cedo para dizer.

A afirmação vem após a notícia de que Petrobras devolveu o bloco de Peroba, no pré-sal da Bacia de Santos, marcando o primeiro retorno de um bloco inteiro arrematado em um leilão de partilha de produção, mostrando que mesmo áreas com grandes perspectivas podem não se tornar comerciais.

Nesta sexta-feira, a petroleira estatal reportou também a devolução da área Sudeste do bloco de Libra, no pré-sal na Bacia de Santos, também sob regime de partilha. A Shell é uma das sócias de Libra, com 20% de participação.

Araújo disse que “gostaria que todas as áreas de Libra fossem produtivas”, mas que o risco faz parte do negócio. Ele frisou ainda que a parte de Libra que está em operação “é muito produtiva”.

Sobre o ativo Gato do Mato, Araújo disse que até o fim do ano deve ter uma ideia mais clara sobre o ritmo para contratação de uma plataforma.

COVID-19

Sobre os efeitos do coronavírus no Brasil, Araújo afirmou que a empresa teve um total de 330 casos positivos para Covid-19, incluindo funcionários, familiares e contratados, com um caso de óbito.

Segundo dados da Shell, nas operações marítimas, houve 39 episódios de contaminação nos FPSOs Espírito Santo e FPSO Fluminense desde o início da pandemia, sem óbitos, e a produção não chegou a ser impactada.

Araújo afirmou que ao longo da pandemia os procedimentos da empresa foram aprimorados.